Ser mulher é muito mais do que obter a aprovação dos outros. Ser mulher é, antes de tudo, sentir-se mulher, independente da opinião alheia. Estar bem consigo mesma depende, em primeiro lugar, do bem-estar interior, que é o que nos permite estarmos abertas e propícias ao bem-estar exterior.
O câncer de mama, que atinge 1.050.000 mulheres por ano no Brasil, de acordo com dados da ONU, é um dos maiores temores femininos.
Exibir o corpo publicamente após uma cirurgia de retirada da mama, então, é uma dificuldade tremenda. "Me senti muito mal, até porque via outras mulheres exibindo 'orgulhosamente' os seios e pensava: Será que elas sabem a sorte que têm? Fiquei um pouco deprimida", contou a técnica de assuntos educacionais do Ministério da Saúde, que hoje é aposentada, Diana Cabral, de 62 anos, ao SRZD. Ela explicou que ir à praia antes era um prazer, mas depois "passou a ser uma tortura".
Moda praia para mulheres mastectomizadas: amor por uma causa
Foi pensando no drama que vivem essas mulheres que a publicitária e executiva de marketing Suely Guimarães resolveu fazer a diferença. Dona da grife de moda praia Tenda, ela resolveu criar uma linha exclusiva para mulheres mastectomizadas.
Suely acompanhou diversos casos de câncer de mama na própria família, mas conta que o momento em que realmente decidiu criar as novas peças foi quando ela mesma teve uma suspeita de tumor.
"A mulher mastectomizada fica muito fragilizada e nem todas podem fazer a reconstituição da mama. As linhas de moda praia que existiam até então não ofereciam modelos modernos e com recortes bonitos, que se adaptassem bem ao corpo dessas mulheres. Então eu resolvi montar uma linha que unisse funcionalidade à beleza. As peças tem corte europeu e os tamanhos são padronizados", explica. Além do mais, as cores não ficam à desejar e cada coleção segue os passos da moda do momento, com adaptações para que a funcionalidade e elegância estejam sempre unidas. Atualmente, o laranja e o açaí são tons que fazem sucesso nas peças. O pretinho básico também está sempre em alta.
Diana conta que, por conta da radioterapia (tratamento contra o câncer de mama), a pele fica muito sensível, e que por isso usar biquínis com tecidos levinhos faz toda a diferença.
A publicitária contou que foi difícil concretizar a ideia de criar a moda praia especial e foi desencorajada algumas vezes, visto que não era um negócio muito rentável. Ela, porém, diz que não considera a linha como um simples negócio, mas como um ideal, uma luta por uma causa. "A mulher mastectomizada precisa ser tratada como uma mulher normal".
A confecção dos biquínis e maiôs também deve ser realizada com cautela. Suely explicou que a elaboração das peças teve o aval de especialistas e está dentro de todas as regras impostas por profissionais de Mastologia. Todas as peças são aprovadas pela Dra. Maria Helena Rabay (ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia) e Dra. Martha de Marsillac (mastologista).
Insatisfeita com a falta de outras linhas de roupas voltadas à mulheres mastectomizadas, Diana diz que há uma enorme dificuldade em encontrar sutiãs e blusas. "Essas peças existem no mercado, mas voltados mais para corrigir a deficiência. O conforto e a qualidade das peças deixam muito a desejar".
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