domingo, 19 de fevereiro de 2012

Especial Carnaval: Os ganhos e perdas dos quatro dias de folia para o comércio e a indústria brasileira



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As agências de viagens são os grandes beneficiados durante o período.
 
 
Considerada a maior festa de rua do mundo, o  Carnaval brasileiro atrai turistas de diversos países e aquece a economia de  praticamente todos os municípios do país, sobretudo daqueles que fazem dos  quatro dias de festa sua renda anual. 
Largamente beneficiada pelo  crescente número de turistas que procuram pequenas e grandescidades  todos os anos, o segmento de agências de viagens encontra na festa de Momo uma  fonte para incrementar suas receitas.


Turismo
De acordo com o presidente da  Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), Edmar Bull, o percentual  de pacotes vendidos para os quatro dias do Carnaval representa de dez a 11% do  faturamento anual das agências de turismo.
"O Carnaval é um evento muito  importante para agências. Entre os principais eventos do ano é o segundo com  maior faturamento, só perdendo para o final do ano", explica. Segundo a Abav, no  período, o faturamento das agências de turismo cresceu de 13% a 14% (em  reais).
Para este ano serão realizadas seis milhões de viagens, feitas  por turistas nacionais e internacionais. Entre os destinos mais procurados estão  as cidades de Salvador, Recife, Fortaleza e Florianópolis. No período, a  movimentação financeira pode atingir até R$ 5,5 bilhões.
A importância da  festa para a economia brasileira é destacada também pela presidente da  Associação Brasileira das Empresas de Eventos (Abeoc), Anita Pires. Segundo ela,  o evento eleva em mais de 80% o nível de ocupação das cadeias de hotéis de todo  o Brasil.
"Nesse período, a ocupação hoteleira é muito grande. Os hotéis  ficam com praticamente 100% de ocupação, ninguém tem menos de 80%. Para você ter  uma ideia, o sindicato de hotéis do Rio de Janeiro afirmou que, para este  carnaval, 80% das vagas já estão reservadas", afirma. 
Além da rede  hoteleira, a executiva destaca também a influência positiva do período nas  vendas dos setores de alimentos e bebidas, comércio (em especial os  estabelecimentos que vendem tecidos) e bares e restaurantes.


Comércio
Responsável por mensurar a venda nos  supermercados do Estado de São Paulo, a Associação Paulista de Supermercados  (Apas) informou que, ao longo dos últimos anos, as vendas no mês em que ocorre o  Carnaval (fevereiro ou março) sobem 9% ante o período imediatamente  anterior.
Entre os itens mais comercializados, a associação  destaca a boa procura por carnes para churrasco e bebidas, sobretudo cervejas e  refrigerantes. Para este ano, a entidade projeta  um crescimento de 5% nas vendas durante os quatro dias de  festa.


Indústria
Apesar do otimismo  com um aumento em sua margem de lucros ser a marca registrada de diversos  setores brasileiros neste período, a indústria têxtil viu diminuir ao longo dos  anos seus motivos para festa.
Aquecida pela demanda por tecidos  para a confecção de fantasias no passado, a indústria nacional se vê prejudicada  pela entrada expressiva de tecidos vindos de outros países, sobretudo da  China.
"O carnaval sempre movimentou bem o setor têxtil,  especialmente no segundo semestre que antecede a festa, quando são comprados os  tecidos. Contudo, a participação dos importados têmcrescido  nos últimos anos. A maior parte das fantasias hoje são confeccionadas com  tecidos importados da China", diz a Associação Brasileira da Indústria Têxtil  (Abit), em nota. 
Ainda de acordo com o texto, a agressiva  participação dos asiáticos no mercado brasileiro permitiu com que o setor  lucrasse apenas 10% no período, impedindo que o cenário traçado em 2011 fosse  alterado. No ano passado, o setor fechou o ano com queda de 14% na produção  física.


Economia
Mesmo com alguns pontos  negativos, o Carnaval permanece sendo um período de extrema importância não  apenas para alguns setores da economia mas principalmente para cidades que veem  neste período boa parte de sua renda anual, explica o professor de Finanças do  Ibmec, Eduardo Coutinho.
"O Carnaval é importante para alguns setores,  como o de bebidas, turismo e vestuário, mas também para alguns estados, que  investem em festas tradicionais e recebem um volume considerável de turistas,  aumentando a demanda, nestes lugares, por bens e serviços".
O período, afirma o professor, eleva também o número de empregos gerados, embora alguns dos postos criados já tenha sido aproveitado pela chegada do verão. Além deste fator, o alto nível de informalidade nos quatro dias de folia também dificulta a quantificação de postos de trabalho.
"Contudo, em contraponto, temos dois  dias na semana que deixam de ser úteis e onde riquezas para o país deixam de ser  produzidas. Não temos como saber até que ponto isso [o Carnaval] é bom ou não  para o país", ressalva. 
A falta de dados que mensurem os gastos públicos  no período também é levantado por Anita Pires, que também é coordenadora do  Fórum de Entidades do Setor de Eventos. 
"Em Florianópolis ano passado  nós fizemos um levantamento e descobrimos que a maioria dos turistas que vieram  para a cidade não estava em hotéis. Eles tinham gastos mínimos, traziam a  própria bebida. Então é um problema você não ter dados que mostrem o quanto é  gasto com segurança durante as festas, com a colocação de banheiros [químicos]",  explica. 
No entanto, Anita afirma que já estão sendo iniciadas conversas  para que seja elaborado um estudo apontando os principais indicadores econômicos  do Carnaval em todo o Brasil. 
Porém, destaca ela, o Carnaval permanece  sendo uma festa extremamente importante dado seu alcance sobre a cadeia  econômica brasileira.  "Essa é uma festa muito importante, uma atividade  que movimenta toda a cadeia. Os eventos acontecem em todas as cidades, grandes e  pequenas". 
Um sinal de que nem a falta de indicadores econômicos  precisos ou a concorrência desleal dos importados sobre os produtos nacionais  apaga o brilho do Carnaval para o povo brasileiro.


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