Começou a faltar trabalhador qualificado. A indústria da construção pesada está sentindo falta de engenheiros, técnicos e operadores de máquinas. Na tecnologia da informação faltam 100 mil profissionais. Mas há setores que dizem que o país nem voltou ao nível de atividade de antes da crise. O país vive a contradição dessa transição: há setores retardatários e outros onde falta gente para contratar.
A Associação Brasileira de Indústria Têxtil acha que só em 2011 vai recompor as perdas da crise, mesmo crescendo este ano 3% na produção e 6% nas vendas do comércio de tecidos e confecções. O diretor-executivo da Abit, Fernando Pimentel, acha que o setor enfrenta um problema adicional à retração do ano passado: o câmbio chinês.
— Nosso maior problema não é o real valorizado porque ele oscila com as leis do mercado, mas o yuan desvalorizado artificialmente pelo governo chinês. Como os principais importadores do mundo continuam em crise, o mercado brasileiro tornou-se alvo dos produtos asiáticos — disse Pimentel.
Não é o único a ter essa queixa. Mesmo assim, o setor têxtil brasileiro criou 14 mil postos de trabalho nos dois primeiros meses do ano, mais do que todo o ano passado, segundo Pimentel.
O sociólogo José Pastore escreveu um artigo, dias atrás, comemorando e ao mesmo tempo alertando para o risco de falta de trabalhadores qualificados.
— No Brasil é assim, quando o crescimento é de 4,5%, falta trabalhador qualificado, quando é de 5,5% a 6%, como este ano, falta trabalhador de forma geral, qualificado ou não — disse.
No artigo publicado no “Estado de S. Paulo”, Pastore diz que “a média dos salários da construção civil subiu 20% em termos reais nos últimos 12 meses”. Conclui que é um claro sintoma da falta de mão-de-obra.
O diretor do Departamento da Indústria da Construção da Fiesp, Manuel Rossitto, confirma que as empresas estão tendo que qualificar trabalhadores e disse que em algumas áreas o crescimento da demanda é forte. O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada, Luiz Fernando Santos Reis, disse que o principal problema deles é a falta de formação de técnicos de grau médio.
Pastore conta ainda que geólogos, químicos e tecnólogos estão sendo objetos de “pirataria”: uma empresa fica sabendo da qualidade do quadro da outra e “rouba” o profissional.
Isso não acontece com todos os setores, regiões ou profissões, até porque o país está vivendo essa transição. Saiu de um ano perdido, para outro de forte crescimento. Há setores que pressionam mais.
— O PAC estava quase parado, este ano está deslanchando com algumas grandes obras de engenharia contratando — diz o professor.
A indústria como um todo voltou a crescer, a previsão é de 7% este ano, mas puxada mais pelo mercado interno. A CNI acha que no segundo trimestre chega-se ao nível pré-crise.
— A biruta mudou totalmente em relação a 2009, quando a indústria foi a mais afetada. Ainda não estamos em ritmo frenético, mas o crescimento acontece em vários setores — disse o gerente executivo de política econômica da Confederação, Flávio Castelo Branco.
Mas quem depende do comércio internacional está ainda encrencado. A economia americana está com números positivos de crescimento, mas muito longe do nível de produção, demanda e emprego de antes da crise. As análises de consultores internacionais são de que o G-3, Estados Unidos, Europa e Japão, vai manter um ritmo lento de crescimento. O presidente da Associação Brasileira do Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, disse que as exportações brasileiras continuam dependendo das commodities:
— Com a atual taxa de câmbio, infelizmente a exportação de manufaturados tornou-se marginal na nossa pauta de exportações. Não temos preços competitivos e as exportações que acontecem são basicamente entre filiais das mesmas empresas.
Quem está comemorando é o setor do comércio, que acha que vai crescer 9%.
— Para o comércio, é o céu de brigadeiro. O crescimento do primeiro trimestre foi forte, ainda pautado pelos incentivos fiscais. Depois, haverá desaceleração, mas ainda assim teremos um ano bem melhor do que o anterior — diz Carlos Thadeu de Freitas, chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio.
O setor de tecnologia da informação está passando aperto por falta de gente. A Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) acha que este ano haverá falta de 100 mil trabalhadores no setor e isso pode chegar a 200 mil em 2013. O setor tem um ritmo de crescimento muito superior ao resto da economia e o ritmo de formação de novos profissionais em universidades e escolas técnicas é muito baixo.
— Em 2009 tivemos um crescimento de 9% e este ano podemos chegar a 20%. O número de vagas nas universidades federais e escolas técnicas ficou congelado no governo anterior — disse Sérgio Sgobbi, diretor de recursos humanos da Brasscom.
As empresas têm também que investir pelo menos um ano em treinamento, logo após a contratação do técnico, porque a tecnologia muda com muita velocidade.
O volume de crescimento de exportação de softwares impressiona. Em 2008, houve crescimento de 75%, chegando a US$ 2,2 bilhões. Em 2009, saltou para US$ 3 bilhões. A Brasscom quer montar parcerias com o governo para a formação de pessoal.
— Um dos projetos se chama DNA em TI, que vai ser implantado em 71 escolas federais para que os alunos tenham aulas de tecnologia da informação — diz Sgobbi.
Nem bem o país saiu de um problema, já entra no oposto. Nem bem saiu da recessão, já está com dores do crescimento, como a escassez de mão-de-obra.
Fonte:oglobo.globo.com
A Associação Brasileira de Indústria Têxtil acha que só em 2011 vai recompor as perdas da crise, mesmo crescendo este ano 3% na produção e 6% nas vendas do comércio de tecidos e confecções. O diretor-executivo da Abit, Fernando Pimentel, acha que o setor enfrenta um problema adicional à retração do ano passado: o câmbio chinês.
— Nosso maior problema não é o real valorizado porque ele oscila com as leis do mercado, mas o yuan desvalorizado artificialmente pelo governo chinês. Como os principais importadores do mundo continuam em crise, o mercado brasileiro tornou-se alvo dos produtos asiáticos — disse Pimentel.
Não é o único a ter essa queixa. Mesmo assim, o setor têxtil brasileiro criou 14 mil postos de trabalho nos dois primeiros meses do ano, mais do que todo o ano passado, segundo Pimentel.
O sociólogo José Pastore escreveu um artigo, dias atrás, comemorando e ao mesmo tempo alertando para o risco de falta de trabalhadores qualificados.
— No Brasil é assim, quando o crescimento é de 4,5%, falta trabalhador qualificado, quando é de 5,5% a 6%, como este ano, falta trabalhador de forma geral, qualificado ou não — disse.
No artigo publicado no “Estado de S. Paulo”, Pastore diz que “a média dos salários da construção civil subiu 20% em termos reais nos últimos 12 meses”. Conclui que é um claro sintoma da falta de mão-de-obra.
O diretor do Departamento da Indústria da Construção da Fiesp, Manuel Rossitto, confirma que as empresas estão tendo que qualificar trabalhadores e disse que em algumas áreas o crescimento da demanda é forte. O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada, Luiz Fernando Santos Reis, disse que o principal problema deles é a falta de formação de técnicos de grau médio.
Pastore conta ainda que geólogos, químicos e tecnólogos estão sendo objetos de “pirataria”: uma empresa fica sabendo da qualidade do quadro da outra e “rouba” o profissional.
Isso não acontece com todos os setores, regiões ou profissões, até porque o país está vivendo essa transição. Saiu de um ano perdido, para outro de forte crescimento. Há setores que pressionam mais.
— O PAC estava quase parado, este ano está deslanchando com algumas grandes obras de engenharia contratando — diz o professor.
A indústria como um todo voltou a crescer, a previsão é de 7% este ano, mas puxada mais pelo mercado interno. A CNI acha que no segundo trimestre chega-se ao nível pré-crise.
— A biruta mudou totalmente em relação a 2009, quando a indústria foi a mais afetada. Ainda não estamos em ritmo frenético, mas o crescimento acontece em vários setores — disse o gerente executivo de política econômica da Confederação, Flávio Castelo Branco.
Mas quem depende do comércio internacional está ainda encrencado. A economia americana está com números positivos de crescimento, mas muito longe do nível de produção, demanda e emprego de antes da crise. As análises de consultores internacionais são de que o G-3, Estados Unidos, Europa e Japão, vai manter um ritmo lento de crescimento. O presidente da Associação Brasileira do Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, disse que as exportações brasileiras continuam dependendo das commodities:
— Com a atual taxa de câmbio, infelizmente a exportação de manufaturados tornou-se marginal na nossa pauta de exportações. Não temos preços competitivos e as exportações que acontecem são basicamente entre filiais das mesmas empresas.
Quem está comemorando é o setor do comércio, que acha que vai crescer 9%.
— Para o comércio, é o céu de brigadeiro. O crescimento do primeiro trimestre foi forte, ainda pautado pelos incentivos fiscais. Depois, haverá desaceleração, mas ainda assim teremos um ano bem melhor do que o anterior — diz Carlos Thadeu de Freitas, chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio.
O setor de tecnologia da informação está passando aperto por falta de gente. A Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) acha que este ano haverá falta de 100 mil trabalhadores no setor e isso pode chegar a 200 mil em 2013. O setor tem um ritmo de crescimento muito superior ao resto da economia e o ritmo de formação de novos profissionais em universidades e escolas técnicas é muito baixo.
— Em 2009 tivemos um crescimento de 9% e este ano podemos chegar a 20%. O número de vagas nas universidades federais e escolas técnicas ficou congelado no governo anterior — disse Sérgio Sgobbi, diretor de recursos humanos da Brasscom.
As empresas têm também que investir pelo menos um ano em treinamento, logo após a contratação do técnico, porque a tecnologia muda com muita velocidade.
O volume de crescimento de exportação de softwares impressiona. Em 2008, houve crescimento de 75%, chegando a US$ 2,2 bilhões. Em 2009, saltou para US$ 3 bilhões. A Brasscom quer montar parcerias com o governo para a formação de pessoal.
— Um dos projetos se chama DNA em TI, que vai ser implantado em 71 escolas federais para que os alunos tenham aulas de tecnologia da informação — diz Sgobbi.
Nem bem o país saiu de um problema, já entra no oposto. Nem bem saiu da recessão, já está com dores do crescimento, como a escassez de mão-de-obra.
Fonte:oglobo.globo.com
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