No artesanato do Ceará, o renda alcança sua excelência em pequenos vilarejos praianos, onde há concentração de pescadores, como o município de Aquiraz, a cerca de 30 quilômetros de Fortaleza. O trabalho é daqueles ofícios tradicionais e hereditários, passados de mãe para filha há gerações.
Mulheres trabalham no centro das rendeiras da Prainha, no muncípio de Aquiraz
“Somos todas filhas de pescadores e mães rendeiras”, contou Maria Cleide dos Santos Costa, 54, que desde os oito anos de idade se dedica à técnica do bilro. Ela faz parte do grupo de 134 mulheres-rendeiras divididas nos dois centros de rendas de Aquiraz: o de Prainha, com 80 artesãs, e o de Iguape, com 54.
O trabalho desenvolvido nos dois pólos rendeiros é bastante similar, o que os distingue é a linha utilizada: mais fina (na Prainha) ou mais grossa, como a de crochê (de Iguape).
Bilro e paletão de labirinto
Os nomes dados aos diferentes tipos de renda são definidos de acordo com os instrumentos utilizados para sua confecção; são eles que conferem aos tecidos um ou outro desenho. O bilro é uma pequena haste de madeira, que é acoplada a uma semente de buriti (planta da família das palmeiras) em uma ponta e envolta em linha na outra. A renda é criada com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras.
Além do bilro, Aquiraz é especializado também no paletão de labirinto. O labirinto consiste em uma renda criada a partir da desfiadura do linho corrido com a ajuda de uma agulha. O paletão é o bordado criado sobre o tecido vazado.
Renda de bilro é tradicional no município de Aquiraz, no Ceará
História e sustentabilidade
Criado há 30 anos pela então primeira-dama do Ceará, dona Luiza Távora, o centro de Prainha nasceu para satisfazer uma necessidade de centralizar o comércio do artesanato regional. Antes disso, as rendeiras trabalhavam individualmente em seus lares e batiam de porta em porta nas casas de moradores e pousadas de turistas para oferecer suas criações.
Hoje, o trabalho é mais organizado. Mas, bem antes da consciência ecológica virar tendência mundial, já era todo sustentável. As sementes provêm dos frutos comidos pelo gado ou utilizados na preparação de doces. O bilro é coletado de árvores. O enchimento da almofada que dá suporte aos fios é feito de folhas secas de bananeira. Os alfinetes que prendem os fios e o molde à almofada são espinhos de cactos de diferentes tamanhos.
É difícil estimar quanto este trabalho artesanal gera de rendimentos anualmente. Segundo Rosana Lima, assessora especial da secretaria de Turismo e Cultura de Aquiraz, não existem dados oficiais neste sentido. “Este tem sido um dos maiores debates na secretaria, somos muito carentes de pesquisas deste tipo. A renda gerada é muito variável de acordo com a sazonalidade turística e com o volume de vendas”, disse ela.
Os ganhos, no entanto, têm sido suficientes para que as rendeiras sustentem suas famílias, como conta Maria Helena Pereira, 60, 53 deles como rendeira. “Com o bilro, ajudava minha mãe, comprava meus cadernos e estudava. Ajudei meu marido a criar os quatro filhos e, agora, ajudo minhas filhas a criar as minhas netas”, disse. Hoje em dia, a transmissão do ofício para as próximas gerações tem sido adiada. Das sete netas de Maria Helena, apenas uma delas familiarizou-se com a técnica, aos 13 anos. “Estou deixando que ela estude antes, mas ela vai aprender”, garantiu.
Moldes criados pelos estilistas André e Raphaella Castro, da Mar del Castro
É só levar o molde
Atualmente, os centros de rendeiras beneficiam-se de projetos como o Conexão Solidária, que promove a comercialização dos produtos e adiciona design de moda ao trabalho artesanal, em parceria com os estilistas André e Raphaella Castro, da marca Mar del Castro, de Fortaleza.
Para o trabalho conjunto, as artesãs receberam os moldes esboçados pela dupla e, sobre eles, executaram seu “pièce de résistance”. A parceria rendeu biquínis, maiôs, vestidos, casacos, blusas masculinas e femininas, entre outras peças.
Em Iguape, as rendeiras oferecem também cursos com as técnicas do bilro e paletão de labirinto. E para quem quer fazer vezes de estilista, a presidente do centro, Raimunda Vicente da Costa, 73, avisa: “é só trazer os moldes, que desenvolvemos qualquer peça”.
*A repórter viajou a convite da organização do Dragão Fashion Brasil
Fonte:estilo.uol.com.br
FERNANDA SCHIMIDT
Enviada especial a Fortaleza*
No artesanato do Ceará, o renda alcança sua excelência em pequenos vilarejos praianos, onde há concentração de pescadores, como o município de Aquiraz, a cerca de 30 quilômetros de Fortaleza. O trabalho é daqueles ofícios tradicionais e hereditários, passados de mãe para filha há gerações.
Mulheres trabalham no centro das rendeiras da Prainha, no muncípio de Aquiraz
“Somos todas filhas de pescadores e mães rendeiras”, contou Maria Cleide dos Santos Costa, 54, que desde os oito anos de idade se dedica à técnica do bilro. Ela faz parte do grupo de 134 mulheres-rendeiras divididas nos dois centros de rendas de Aquiraz: o de Prainha, com 80 artesãs, e o de Iguape, com 54.
O trabalho desenvolvido nos dois pólos rendeiros é bastante similar, o que os distingue é a linha utilizada: mais fina (na Prainha) ou mais grossa, como a de crochê (de Iguape).
Bilro e paletão de labirinto
Os nomes dados aos diferentes tipos de renda são definidos de acordo com os instrumentos utilizados para sua confecção; são eles que conferem aos tecidos um ou outro desenho. O bilro é uma pequena haste de madeira, que é acoplada a uma semente de buriti (planta da família das palmeiras) em uma ponta e envolta em linha na outra. A renda é criada com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras.
Além do bilro, Aquiraz é especializado também no paletão de labirinto. O labirinto consiste em uma renda criada a partir da desfiadura do linho corrido com a ajuda de uma agulha. O paletão é o bordado criado sobre o tecido vazado.
Renda de bilro é tradicional no município de Aquiraz, no Ceará
História e sustentabilidade
Criado há 30 anos pela então primeira-dama do Ceará, dona Luiza Távora, o centro de Prainha nasceu para satisfazer uma necessidade de centralizar o comércio do artesanato regional. Antes disso, as rendeiras trabalhavam individualmente em seus lares e batiam de porta em porta nas casas de moradores e pousadas de turistas para oferecer suas criações.
Hoje, o trabalho é mais organizado. Mas, bem antes da consciência ecológica virar tendência mundial, já era todo sustentável. As sementes provêm dos frutos comidos pelo gado ou utilizados na preparação de doces. O bilro é coletado de árvores. O enchimento da almofada que dá suporte aos fios é feito de folhas secas de bananeira. Os alfinetes que prendem os fios e o molde à almofada são espinhos de cactos de diferentes tamanhos.
É difícil estimar quanto este trabalho artesanal gera de rendimentos anualmente. Segundo Rosana Lima, assessora especial da secretaria de Turismo e Cultura de Aquiraz, não existem dados oficiais neste sentido. “Este tem sido um dos maiores debates na secretaria, somos muito carentes de pesquisas deste tipo. A renda gerada é muito variável de acordo com a sazonalidade turística e com o volume de vendas”, disse ela.
Os ganhos, no entanto, têm sido suficientes para que as rendeiras sustentem suas famílias, como conta Maria Helena Pereira, 60, 53 deles como rendeira. “Com o bilro, ajudava minha mãe, comprava meus cadernos e estudava. Ajudei meu marido a criar os quatro filhos e, agora, ajudo minhas filhas a criar as minhas netas”, disse. Hoje em dia, a transmissão do ofício para as próximas gerações tem sido adiada. Das sete netas de Maria Helena, apenas uma delas familiarizou-se com a técnica, aos 13 anos. “Estou deixando que ela estude antes, mas ela vai aprender”, garantiu.
Moldes criados pelos estilistas André e Raphaella Castro, da Mar del Castro
É só levar o molde
Atualmente, os centros de rendeiras beneficiam-se de projetos como o Conexão Solidária, que promove a comercialização dos produtos e adiciona design de moda ao trabalho artesanal, em parceria com os estilistas André e Raphaella Castro, da marca Mar del Castro, de Fortaleza.
Para o trabalho conjunto, as artesãs receberam os moldes esboçados pela dupla e, sobre eles, executaram seu “pièce de résistance”. A parceria rendeu biquínis, maiôs, vestidos, casacos, blusas masculinas e femininas, entre outras peças.
Em Iguape, as rendeiras oferecem também cursos com as técnicas do bilro e paletão de labirinto. E para quem quer fazer vezes de estilista, a presidente do centro, Raimunda Vicente da Costa, 73, avisa: “é só trazer os moldes, que desenvolvemos qualquer peça”.
*A repórter viajou a convite da organização do Dragão Fashion Brasil
Fonte:estilo.uol.com.br
FERNANDA SCHIMIDT
Enviada especial a Fortaleza*
No artesanato do Ceará, o renda alcança sua excelência em pequenos vilarejos praianos, onde há concentração de pescadores, como o município de Aquiraz, a cerca de 30 quilômetros de Fortaleza. O trabalho é daqueles ofícios tradicionais e hereditários, passados de mãe para filha há gerações.
Mulheres trabalham no centro das rendeiras da Prainha, no muncípio de Aquiraz
“Somos todas filhas de pescadores e mães rendeiras”, contou Maria Cleide dos Santos Costa, 54, que desde os oito anos de idade se dedica à técnica do bilro. Ela faz parte do grupo de 134 mulheres-rendeiras divididas nos dois centros de rendas de Aquiraz: o de Prainha, com 80 artesãs, e o de Iguape, com 54.
O trabalho desenvolvido nos dois pólos rendeiros é bastante similar, o que os distingue é a linha utilizada: mais fina (na Prainha) ou mais grossa, como a de crochê (de Iguape).
Bilro e paletão de labirinto
Os nomes dados aos diferentes tipos de renda são definidos de acordo com os instrumentos utilizados para sua confecção; são eles que conferem aos tecidos um ou outro desenho. O bilro é uma pequena haste de madeira, que é acoplada a uma semente de buriti (planta da família das palmeiras) em uma ponta e envolta em linha na outra. A renda é criada com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras.
Além do bilro, Aquiraz é especializado também no paletão de labirinto. O labirinto consiste em uma renda criada a partir da desfiadura do linho corrido com a ajuda de uma agulha. O paletão é o bordado criado sobre o tecido vazado.
Renda de bilro é tradicional no município de Aquiraz, no Ceará
História e sustentabilidade
Criado há 30 anos pela então primeira-dama do Ceará, dona Luiza Távora, o centro de Prainha nasceu para satisfazer uma necessidade de centralizar o comércio do artesanato regional. Antes disso, as rendeiras trabalhavam individualmente em seus lares e batiam de porta em porta nas casas de moradores e pousadas de turistas para oferecer suas criações.
Hoje, o trabalho é mais organizado. Mas, bem antes da consciência ecológica virar tendência mundial, já era todo sustentável. As sementes provêm dos frutos comidos pelo gado ou utilizados na preparação de doces. O bilro é coletado de árvores. O enchimento da almofada que dá suporte aos fios é feito de folhas secas de bananeira. Os alfinetes que prendem os fios e o molde à almofada são espinhos de cactos de diferentes tamanhos.
É difícil estimar quanto este trabalho artesanal gera de rendimentos anualmente. Segundo Rosana Lima, assessora especial da secretaria de Turismo e Cultura de Aquiraz, não existem dados oficiais neste sentido. “Este tem sido um dos maiores debates na secretaria, somos muito carentes de pesquisas deste tipo. A renda gerada é muito variável de acordo com a sazonalidade turística e com o volume de vendas”, disse ela.
Os ganhos, no entanto, têm sido suficientes para que as rendeiras sustentem suas famílias, como conta Maria Helena Pereira, 60, 53 deles como rendeira. “Com o bilro, ajudava minha mãe, comprava meus cadernos e estudava. Ajudei meu marido a criar os quatro filhos e, agora, ajudo minhas filhas a criar as minhas netas”, disse. Hoje em dia, a transmissão do ofício para as próximas gerações tem sido adiada. Das sete netas de Maria Helena, apenas uma delas familiarizou-se com a técnica, aos 13 anos. “Estou deixando que ela estude antes, mas ela vai aprender”, garantiu.
Moldes criados pelos estilistas André e Raphaella Castro, da Mar del Castro
É só levar o molde
Atualmente, os centros de rendeiras beneficiam-se de projetos como o Conexão Solidária, que promove a comercialização dos produtos e adiciona design de moda ao trabalho artesanal, em parceria com os estilistas André e Raphaella Castro, da marca Mar del Castro, de Fortaleza.
Para o trabalho conjunto, as artesãs receberam os moldes esboçados pela dupla e, sobre eles, executaram seu “pièce de résistance”. A parceria rendeu biquínis, maiôs, vestidos, casacos, blusas masculinas e femininas, entre outras peças.
Em Iguape, as rendeiras oferecem também cursos com as técnicas do bilro e paletão de labirinto. E para quem quer fazer vezes de estilista, a presidente do centro, Raimunda Vicente da Costa, 73, avisa: “é só trazer os moldes, que desenvolvemos qualquer peça”.
*A repórter viajou a convite da organização do Dragão Fashion Brasil
Fonte:estilo.uol.com.br
Mulheres trabalham no centro das rendeiras da Prainha, no muncípio de Aquiraz
“Somos todas filhas de pescadores e mães rendeiras”, contou Maria Cleide dos Santos Costa, 54, que desde os oito anos de idade se dedica à técnica do bilro. Ela faz parte do grupo de 134 mulheres-rendeiras divididas nos dois centros de rendas de Aquiraz: o de Prainha, com 80 artesãs, e o de Iguape, com 54.
O trabalho desenvolvido nos dois pólos rendeiros é bastante similar, o que os distingue é a linha utilizada: mais fina (na Prainha) ou mais grossa, como a de crochê (de Iguape).
Bilro e paletão de labirinto
Os nomes dados aos diferentes tipos de renda são definidos de acordo com os instrumentos utilizados para sua confecção; são eles que conferem aos tecidos um ou outro desenho. O bilro é uma pequena haste de madeira, que é acoplada a uma semente de buriti (planta da família das palmeiras) em uma ponta e envolta em linha na outra. A renda é criada com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras.
Além do bilro, Aquiraz é especializado também no paletão de labirinto. O labirinto consiste em uma renda criada a partir da desfiadura do linho corrido com a ajuda de uma agulha. O paletão é o bordado criado sobre o tecido vazado.
Renda de bilro é tradicional no município de Aquiraz, no Ceará
História e sustentabilidade
Criado há 30 anos pela então primeira-dama do Ceará, dona Luiza Távora, o centro de Prainha nasceu para satisfazer uma necessidade de centralizar o comércio do artesanato regional. Antes disso, as rendeiras trabalhavam individualmente em seus lares e batiam de porta em porta nas casas de moradores e pousadas de turistas para oferecer suas criações.
Hoje, o trabalho é mais organizado. Mas, bem antes da consciência ecológica virar tendência mundial, já era todo sustentável. As sementes provêm dos frutos comidos pelo gado ou utilizados na preparação de doces. O bilro é coletado de árvores. O enchimento da almofada que dá suporte aos fios é feito de folhas secas de bananeira. Os alfinetes que prendem os fios e o molde à almofada são espinhos de cactos de diferentes tamanhos.
É difícil estimar quanto este trabalho artesanal gera de rendimentos anualmente. Segundo Rosana Lima, assessora especial da secretaria de Turismo e Cultura de Aquiraz, não existem dados oficiais neste sentido. “Este tem sido um dos maiores debates na secretaria, somos muito carentes de pesquisas deste tipo. A renda gerada é muito variável de acordo com a sazonalidade turística e com o volume de vendas”, disse ela.
Os ganhos, no entanto, têm sido suficientes para que as rendeiras sustentem suas famílias, como conta Maria Helena Pereira, 60, 53 deles como rendeira. “Com o bilro, ajudava minha mãe, comprava meus cadernos e estudava. Ajudei meu marido a criar os quatro filhos e, agora, ajudo minhas filhas a criar as minhas netas”, disse. Hoje em dia, a transmissão do ofício para as próximas gerações tem sido adiada. Das sete netas de Maria Helena, apenas uma delas familiarizou-se com a técnica, aos 13 anos. “Estou deixando que ela estude antes, mas ela vai aprender”, garantiu.
Moldes criados pelos estilistas André e Raphaella Castro, da Mar del Castro
É só levar o molde
Atualmente, os centros de rendeiras beneficiam-se de projetos como o Conexão Solidária, que promove a comercialização dos produtos e adiciona design de moda ao trabalho artesanal, em parceria com os estilistas André e Raphaella Castro, da marca Mar del Castro, de Fortaleza.
Para o trabalho conjunto, as artesãs receberam os moldes esboçados pela dupla e, sobre eles, executaram seu “pièce de résistance”. A parceria rendeu biquínis, maiôs, vestidos, casacos, blusas masculinas e femininas, entre outras peças.
Em Iguape, as rendeiras oferecem também cursos com as técnicas do bilro e paletão de labirinto. E para quem quer fazer vezes de estilista, a presidente do centro, Raimunda Vicente da Costa, 73, avisa: “é só trazer os moldes, que desenvolvemos qualquer peça”.
*A repórter viajou a convite da organização do Dragão Fashion Brasil
Fonte:estilo.uol.com.br
FERNANDA SCHIMIDT
Enviada especial a Fortaleza*
No artesanato do Ceará, o renda alcança sua excelência em pequenos vilarejos praianos, onde há concentração de pescadores, como o município de Aquiraz, a cerca de 30 quilômetros de Fortaleza. O trabalho é daqueles ofícios tradicionais e hereditários, passados de mãe para filha há gerações.
Mulheres trabalham no centro das rendeiras da Prainha, no muncípio de Aquiraz
“Somos todas filhas de pescadores e mães rendeiras”, contou Maria Cleide dos Santos Costa, 54, que desde os oito anos de idade se dedica à técnica do bilro. Ela faz parte do grupo de 134 mulheres-rendeiras divididas nos dois centros de rendas de Aquiraz: o de Prainha, com 80 artesãs, e o de Iguape, com 54.
O trabalho desenvolvido nos dois pólos rendeiros é bastante similar, o que os distingue é a linha utilizada: mais fina (na Prainha) ou mais grossa, como a de crochê (de Iguape).
Bilro e paletão de labirinto
Os nomes dados aos diferentes tipos de renda são definidos de acordo com os instrumentos utilizados para sua confecção; são eles que conferem aos tecidos um ou outro desenho. O bilro é uma pequena haste de madeira, que é acoplada a uma semente de buriti (planta da família das palmeiras) em uma ponta e envolta em linha na outra. A renda é criada com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras.
Além do bilro, Aquiraz é especializado também no paletão de labirinto. O labirinto consiste em uma renda criada a partir da desfiadura do linho corrido com a ajuda de uma agulha. O paletão é o bordado criado sobre o tecido vazado.
Renda de bilro é tradicional no município de Aquiraz, no Ceará
História e sustentabilidade
Criado há 30 anos pela então primeira-dama do Ceará, dona Luiza Távora, o centro de Prainha nasceu para satisfazer uma necessidade de centralizar o comércio do artesanato regional. Antes disso, as rendeiras trabalhavam individualmente em seus lares e batiam de porta em porta nas casas de moradores e pousadas de turistas para oferecer suas criações.
Hoje, o trabalho é mais organizado. Mas, bem antes da consciência ecológica virar tendência mundial, já era todo sustentável. As sementes provêm dos frutos comidos pelo gado ou utilizados na preparação de doces. O bilro é coletado de árvores. O enchimento da almofada que dá suporte aos fios é feito de folhas secas de bananeira. Os alfinetes que prendem os fios e o molde à almofada são espinhos de cactos de diferentes tamanhos.
É difícil estimar quanto este trabalho artesanal gera de rendimentos anualmente. Segundo Rosana Lima, assessora especial da secretaria de Turismo e Cultura de Aquiraz, não existem dados oficiais neste sentido. “Este tem sido um dos maiores debates na secretaria, somos muito carentes de pesquisas deste tipo. A renda gerada é muito variável de acordo com a sazonalidade turística e com o volume de vendas”, disse ela.
Os ganhos, no entanto, têm sido suficientes para que as rendeiras sustentem suas famílias, como conta Maria Helena Pereira, 60, 53 deles como rendeira. “Com o bilro, ajudava minha mãe, comprava meus cadernos e estudava. Ajudei meu marido a criar os quatro filhos e, agora, ajudo minhas filhas a criar as minhas netas”, disse. Hoje em dia, a transmissão do ofício para as próximas gerações tem sido adiada. Das sete netas de Maria Helena, apenas uma delas familiarizou-se com a técnica, aos 13 anos. “Estou deixando que ela estude antes, mas ela vai aprender”, garantiu.
Moldes criados pelos estilistas André e Raphaella Castro, da Mar del Castro
É só levar o molde
Atualmente, os centros de rendeiras beneficiam-se de projetos como o Conexão Solidária, que promove a comercialização dos produtos e adiciona design de moda ao trabalho artesanal, em parceria com os estilistas André e Raphaella Castro, da marca Mar del Castro, de Fortaleza.
Para o trabalho conjunto, as artesãs receberam os moldes esboçados pela dupla e, sobre eles, executaram seu “pièce de résistance”. A parceria rendeu biquínis, maiôs, vestidos, casacos, blusas masculinas e femininas, entre outras peças.
Em Iguape, as rendeiras oferecem também cursos com as técnicas do bilro e paletão de labirinto. E para quem quer fazer vezes de estilista, a presidente do centro, Raimunda Vicente da Costa, 73, avisa: “é só trazer os moldes, que desenvolvemos qualquer peça”.
*A repórter viajou a convite da organização do Dragão Fashion Brasil
Fonte:estilo.uol.com.br
FERNANDA SCHIMIDT
Enviada especial a Fortaleza*
No artesanato do Ceará, o renda alcança sua excelência em pequenos vilarejos praianos, onde há concentração de pescadores, como o município de Aquiraz, a cerca de 30 quilômetros de Fortaleza. O trabalho é daqueles ofícios tradicionais e hereditários, passados de mãe para filha há gerações.
Mulheres trabalham no centro das rendeiras da Prainha, no muncípio de Aquiraz
“Somos todas filhas de pescadores e mães rendeiras”, contou Maria Cleide dos Santos Costa, 54, que desde os oito anos de idade se dedica à técnica do bilro. Ela faz parte do grupo de 134 mulheres-rendeiras divididas nos dois centros de rendas de Aquiraz: o de Prainha, com 80 artesãs, e o de Iguape, com 54.
O trabalho desenvolvido nos dois pólos rendeiros é bastante similar, o que os distingue é a linha utilizada: mais fina (na Prainha) ou mais grossa, como a de crochê (de Iguape).
Bilro e paletão de labirinto
Os nomes dados aos diferentes tipos de renda são definidos de acordo com os instrumentos utilizados para sua confecção; são eles que conferem aos tecidos um ou outro desenho. O bilro é uma pequena haste de madeira, que é acoplada a uma semente de buriti (planta da família das palmeiras) em uma ponta e envolta em linha na outra. A renda é criada com o manusear dos bilros, jogados de um lado para outro pelas mãos ágeis das rendeiras.
Além do bilro, Aquiraz é especializado também no paletão de labirinto. O labirinto consiste em uma renda criada a partir da desfiadura do linho corrido com a ajuda de uma agulha. O paletão é o bordado criado sobre o tecido vazado.
Renda de bilro é tradicional no município de Aquiraz, no Ceará
História e sustentabilidade
Criado há 30 anos pela então primeira-dama do Ceará, dona Luiza Távora, o centro de Prainha nasceu para satisfazer uma necessidade de centralizar o comércio do artesanato regional. Antes disso, as rendeiras trabalhavam individualmente em seus lares e batiam de porta em porta nas casas de moradores e pousadas de turistas para oferecer suas criações.
Hoje, o trabalho é mais organizado. Mas, bem antes da consciência ecológica virar tendência mundial, já era todo sustentável. As sementes provêm dos frutos comidos pelo gado ou utilizados na preparação de doces. O bilro é coletado de árvores. O enchimento da almofada que dá suporte aos fios é feito de folhas secas de bananeira. Os alfinetes que prendem os fios e o molde à almofada são espinhos de cactos de diferentes tamanhos.
É difícil estimar quanto este trabalho artesanal gera de rendimentos anualmente. Segundo Rosana Lima, assessora especial da secretaria de Turismo e Cultura de Aquiraz, não existem dados oficiais neste sentido. “Este tem sido um dos maiores debates na secretaria, somos muito carentes de pesquisas deste tipo. A renda gerada é muito variável de acordo com a sazonalidade turística e com o volume de vendas”, disse ela.
Os ganhos, no entanto, têm sido suficientes para que as rendeiras sustentem suas famílias, como conta Maria Helena Pereira, 60, 53 deles como rendeira. “Com o bilro, ajudava minha mãe, comprava meus cadernos e estudava. Ajudei meu marido a criar os quatro filhos e, agora, ajudo minhas filhas a criar as minhas netas”, disse. Hoje em dia, a transmissão do ofício para as próximas gerações tem sido adiada. Das sete netas de Maria Helena, apenas uma delas familiarizou-se com a técnica, aos 13 anos. “Estou deixando que ela estude antes, mas ela vai aprender”, garantiu.
Moldes criados pelos estilistas André e Raphaella Castro, da Mar del Castro
É só levar o molde
Atualmente, os centros de rendeiras beneficiam-se de projetos como o Conexão Solidária, que promove a comercialização dos produtos e adiciona design de moda ao trabalho artesanal, em parceria com os estilistas André e Raphaella Castro, da marca Mar del Castro, de Fortaleza.
Para o trabalho conjunto, as artesãs receberam os moldes esboçados pela dupla e, sobre eles, executaram seu “pièce de résistance”. A parceria rendeu biquínis, maiôs, vestidos, casacos, blusas masculinas e femininas, entre outras peças.
Em Iguape, as rendeiras oferecem também cursos com as técnicas do bilro e paletão de labirinto. E para quem quer fazer vezes de estilista, a presidente do centro, Raimunda Vicente da Costa, 73, avisa: “é só trazer os moldes, que desenvolvemos qualquer peça”.
*A repórter viajou a convite da organização do Dragão Fashion Brasil
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