quinta-feira, 18 de março de 2010

Cresce pressão anti-China nos EUA


Mais de cem membros do Congresso dos EUA pediram ontem que o governo do presidente Barack Obama classifique a China como país que manipula o câmbio. A iniciativa mostra a pressão que existe para que o governo assuma uma posição de maior confrontação em relação a Pequim.

Numa carta a Timothy Geithner, o secretário do Tesouro, e a Gary Locke, o secretário do Comércio, 130 congressistas pedem que o governo designe a China como manipuladora, quando divulgar seu relatório periódico sobre manipulação de câmbio, no mês que vem.

Os congressistas pedem também a imposição de taxas retaliatórias contra os produtos chineses. Eu não havia visto antes esse grau de entusiasmo dos membros do Congresso, disse Tim Ryan, democrata de Ohio que é um dos congressistas que estão organizando a iniciativa bipartidária. Há muita gente aderindo e a hora é essa.

A carta aumenta a pressão sobre o governo Obama, que vem tentando gerenciar com cuidado suas relações com a China, um dos maiores compradores de títulos do governo americano. Há temores de que um confronto assim possa enervar investidores e minar a recuperação econômica.

O governo Obama tem se mostrado relutante em classificar a China como manipuladora do câmbio e figuras importantes como o próprio Geithner vêm tentando trabalhar com Pequim.

Os EUA vêm procurando apoio da China numa série de questões, desde mudanças climáticas a sanções ao Irã. Mas, com o desemprego nos EUA próximo de 10%, o governo também identifica a suposta supervalorização do iuan como uma prioridade. As demandas da base do Partido Democrata por uma linha mais dura na questão se intensificaram.

É uma questão política importante para os democratas, claro, mas muitos republicanos e pequenos empresários poderiam se beneficiar disso, disse Ryan. Ele elogiou o presidente Barack Obama por ter adotado a atitude mais agressiva no sentido de assegurar nossos acordos comerciais do que qualquer outro presidente em 30 anos.

A carta acrescenta que, depois da classificação formal, os EUA deveriam iniciar negociações com a China a respeito de seu regime cambial e sinalizar o desejo de entrar com uma reclamação formal na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Isso é muito arriscado. Tanto do lado americano quanto do chinês, os governos querem manter a relação num patamar igualitário, mas, com as pressões domésticas em alta, há o risco de as coisas saírem de controle, disse Eswar Prasad, especialista da Universidade Cornell e do Brookings Institution.

Em uma carta do mês passado, 15 senadores americanos criticaram Locke por ter fracassado na tentativa de investigar adequadamente as acusações de que a China deliberadamente mantém sua moeda subvalorizada, para manter vantagens comerciais. O Departamento do Tesouro não quis comentar.

Fonte:valor Econômico

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