Trata-se de um tema muito polêmico, existindo sem duvida enormes interesses econômicos em jogo. Porém, abaixo segue a visão de uma pessoa com a qual estou de pleno acordo:
O Projeto de Lei que seria votado em dois municípios do Estado de São Paulo (Jundiaí e Campinas) em alguns dias, não aconteceu. O tema em pauta, o uso de sacolas biodegradáveis, coloca todos os lados da questão em um mesmo contexto.
Comenta-se, por exemplo, que uma boa alternativa para não consumir a sacolinha comum é usar caixas de papelão. Mas será mesmo? Os supermercados estão distribuindo caixas que já foram usadas para embalar sabe-se lá o quê, caixas que ficaram em depósitos e caminhões, talvez infectados, com insetos e roedores. Sem contar que essas caixas, enquanto estão nos supermercados, têm um destino único e certo: a reciclagem. Ao distribuir milhares dessas embalagens para milhares de famílias, a reciclagem se perdeu. Mesmo se todas fossem coletadas posteriormente, quantos gases seriam queimados no transporte? Quantos caminhões a mais circulariam nas ruas? Caixas de papelão requerem muito mais energia e água para serem produzidas, gerando mais aquecimento global e mais emissão de CO2.
E as sacolas de papel? É claro que sua produção gera impactos. E seu descarte também. Elas são mais caras, desmancham na chuva, são mais grossas, pesadas e não servem para embalar o lixo doméstico. Estudos independentes mostram que substituir algumas embalagens de plástico por papel gera maior consumo de água e energia.
E as sacolas de plástico? São econômicas, práticas, higiênicas, impermeáveis, resistentes, recicláveis e podem ser feitas a partir de plásticos reciclados. Geralmente são reusadas como embalagem de descarte do lixo doméstico. Uma sacola de plástico que pesa cerca de 6 gramas, consegue transportar até 2.000 vezes seu próprio peso. Que outro material tem essa característica?
Então, qual é o problema da sacola plástica convencional? O consumo excessivo? O descarte incorreto no meio ambiente? Com certeza essas duas questões juntas. Portanto, não é um problema da sacola e sim do comportamento e da educação das pessoas.
Vale lembrar que plástico convencional é um co-produto do refino do Petróleo. Esse recurso finito é extraído e refinado principalmente para gerar energia. Se essa fração entre 3% e 5% do refino não for usada para produzir plástico convencional, seja para sacolas e demais plásticos, ela será queimada nas refinarias. E vai gerar gases.
O mercado oferece diversas tecnologias para substituir o plástico comum, a fim de que os impactos sejam menores no meio ambiente. Qual a diferença entre uma sacola plástica comum, uma hidrobiodegradável e compostável, uma oxibiodegradável e uma retornável?
As hidrobiodegradáveis seguem normas de biodegradação em ambiente controlado de compostagem. Geralmente são fabricadas com materiais híbridos, mistura de ácido polilático (PLA) de origem renovável (amido) com derivados do petróleo, por exemplo, poliéster. Elas têm sua biodegradação iniciada por água, daí o prefixo “hidro”. O resultado da biodegradação dessas sacolas será água, dióxido de carbono e biomassa. Na ausência de oxigênio, por exemplo, nas profundezas de um aterro, a biodegradação vai emitir metano. Esses materiais não podem ser reciclados juntamente com os plásticos convencionais, custam entre quatro e dez vezes mais que os plásticos convencionais e sua adoção só se justifica quando o destino final é a compostagem industrial.
Já as oxibiodegradáveis, como o d2w, contêm aditivos que aceleram a degradação do plástico convencional. Para se degradarem elas precisam de oxigênio, daí “oxi”. Essa degradação é acelerada na presença de luz, calor e estresse mecânico do material. Iniciada a degradação, as partículas são digeridas quando há a presença de microorganismos. Esse tipo de plástico pode ser reciclado junto com os plásticos convencionais e pode ser produzido a partir de plásticos reciclados. Custa entre 10 e 15% a mais que os plásticos comuns. Os testes que comprovam sua degradação, biodegradação e não ecotoxicidade estão presentes no padrão de testes ASTM 6954-04. Esse tipo de plástico não é rotulado como compostável.
As retornáveis, de pano ou de outros materiais, são uma boa opção, mas se não forem lavadas com frequência o acúmulo de germes e bactérias pode oferecer riscos à saúde, conforme comprovam estudos realizados por centros de pesquisas. O oxibiodegradável d2w foi testado por renomadas universidades nacionais, como a UNESP, UFSCar e a Unicamp. Está de acordo com as resoluções e os padrões norte-americanos da FDA, da União Européia e da ANVISA e pode ser usado na produção de embalagens para contato com alimentos, medicamentos e cosméticos.
Quanto ao Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, apesar de uma boa iniciativa, não deixou de gerar impacto, já que a campanha apoia a produção de sacolas plásticas com capacidade para 6 kg como forma de diminuir o consumo. O volume de sacolas plásticas pode ter diminuído, mas os impactos não. Essas sacolas levam mais plástico em sua produção por serem mais espessas o que as torna ainda mais difíceis para se decompor. Porém, concordo, é uma boa iniciativa.
O importante é que a sociedade saiba que todas as alternativas vão gerar algum impacto. Não existe produto que não consuma recursos naturais, energia e água em sua produção.
Existem ferramentas capazes de medir esses impactos, por exemplo, Análise de Ciclo de Vida Comparativo entre os diversos materiais utilizados para fabricação de sacolas.
No entanto, toda a boa informação baseada em fatos, evidências, provas e na análise do ciclo de vida de nada valem se nós não fizermos a nossa parte, usando o bom senso, praticando o consumo consciente, evitando o desperdício, reusando as sacolas quando possível, descartando corretamente e destinando à reciclagem!
FONTE: http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=39184
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