quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Costureiras Higt Tech


A rede social de moda byMK permite que a mulher vá às compras sem desembolsar um tostão .

Quem não se lembra daquela divertida brincadeira de infância de vestir bonecas de papelão com roupas recortáveis, as populares "paper dolls"? Os almanaques e revistas nacionais com as figurinhas de papel sumiram de circulação, mas quem quiser matar saudade é só entrar na rede social byMK (www.bymk.com.br) – uma espécie de Orkut da moda – e montar seus próprios looks. Funciona assim: você cria uma conta, captura imagens de roupas e acessórios da internet, segue o passo a passo muito bem explicadinho e exercita seu lado fashionista. Outra opção é abrir o "closet virtual" e servir-se do acervo, que conta com 400 mil itens, entre vestidos, blusas, calças, bolsas, saias, sapatos, pulseiras, óculos de sol, brincos, perfumes e maquiagem. Mas, se preferir, pode dar só uma espiadinha, curtir os looks e comentar.

O site, criado de forma despretensiosa pelos ex-executivos de TI (tecnologia da informação) Flávio Pripas e Renato Steinberg, virou febre na internet. Afinal, quem, hoje em dia, não gosta de moda? O melhor da brincadeira é "bater perna" nas melhores grifes, escolher roupas e acessórios caríssimos, sem estourar o cartão de crédito. Além de soltarem a criatividade, as costureiras high tech fazem amizades, criam grupos de discussão de acordo com suas preferências e participam de encontros animados.

Flávio e Renato não são estilistas nem empresários de moda. Vieram da área de TI de bancos de investimentos. Mas, em parceria com suas mulheres, Marcela e Karen, respectivamente – ambas administradoras de empresas e apaixonadas por moda –, decidiram apostar num projeto familiar. "A ideia inicial de Marcela era abrir uma loja, mas como o investimento é alto, pensamos em algum projeto que unisse moda e tecnologia. Colocamos o site no ar em agosto de 2008. A divulgação foi na base do boca a boca, e as visitas cresceram sem parar", fala Flávio.

No começo deste ano, segundo Renato, começaram a pipocar eventos sobre mídias sociais, e os amigos decidiram se dedicar integralmente ao novo negócio. "Não ganhamos o mesmo que nos empregos anteriores, mas é menos estressante e bem mais divertido", comentam. O ganha pão vem da comercialização de espaço publicitário. Só que, até mesmo a forma de as empresas anunciantes evidenciarem seus produtos, é diferenciada. "Nas várias páginas do site, os visitantes vão ver, sempre na lateral esquerda da tela, uma roupa ou acessório de uma loja, com várias sugestões de uso, tornando o objeto muito mais atraente", fala Flávio.

O conteúdo do byMK (iniciais de Marcela e Karen) é criado pelos internautas, por meio do editor de looks (área de trabalho na qual os itens são arrastados e colocados para a montagem de composições). As roupas, calçados e acessórios disponíveis no site são fornecidos a partir de parcerias entre grifes e o byMK, ou são importados pela ferramenta de captura disponível aos usuários. Quanto ao uso de imagens de peças de grifes, Flávio e Renato explicam que, ao se clicar em uma roupa ou acessório, é possível ver o site de origem. Para as marcas, é interessante perceber como as pessoas que não são da área de moda interpretam suas criações.

Enquanto Flavio e Renato cuidam da infraestrutura do site, Marcela e Karen atuam como moderadoras: "alimentam" o blog byMK, tiram dúvidas de visitantes, organizam encontros. Também coordenam parcerias com lojas, como a que foi feita com a H. Stern, que lançou o blog "adoro joias", no qual os internautas podem montar looks, combinando peças de roupas e joias da marca.

Entre os visitantes do byMK, predominam mulheres (96%), sobretudo das classes A e B, e com idades entre 20 e 40 anos. A visitação é de 320 mil pessoas por mês, e há 40 mil cadastradas no blog.

SEGUIDORAS

Telma Guedes é relações públicas, já trabalhou com teatro, cinema, vídeo, shows e como produtora cultural. Há oito meses, descobriu o site byMK e, desde então, tem criado vários looks. "As produções refletem um pouco do que eu gostaria de ser, e também um pouco de como faria editoriais de moda." Entre as suas criações favoritas, menciona o look "elegância despojada". A experiência, diz, é um exercício lúdico que desafia a criatividade, já que uma mesma peça pode ter várias interpretações. "É como se fosse um miniprojeto de moda", fala Telma, que, na vida real, cria acessórios como broches e brincos com uma pitada vintage.

"O site também propicia criar novas amizades, e é uma oportunidade de alavancar negócios, ampliar a rede de contatos", opina Telma. O mais bacana, segundo ela, é que o byMK não foi criado para profissionais de moda e, talvez por isso mesmo, acaba atraindo um público curioso, antenado e que adora interagir. "É gostoso receber comentários. Algumas dizem que aprenderam a misturar estampas comigo."

A professora de inglês Cristiane Borrego estava navegando nos blogs de moda quando descobriu o site. "Tem gente que joga paciência. Eu crio looks", brinca. Ao pesquisar as peças, segundo ela, aprende-se a apurar o gosto e a treinar o olhar para a moda. "Quanto mais acompanhamos as tendências, mais aprendemos sobre os estilistas. Só de bater o olho numa bolsa, já sei a grife!" Seus looks, ora seguem o estilo clássico, com grifes como Chanel, Dior e Balenciaga, ora são mais despojados, combinando jeans, camiseta e tênis. Além do ganho do conhecimento, Cristiane fez muitas amizades. "Participamos de encontros, quando o assunto, claro, é moda."

Fonte:Vera Firori, O Estado de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário