sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Brasil Imparável


Com uma força laboral de 1,6 milhões de pessoas distribuídas por mais de 30 mil empresas, o Brasil é o sexto maior produtor têxtil do mundo. Apesar da grande maioria dos produtos têxteis e vestuário ser produzida para o mercado interno, as empresas brasileiras estão a colocar mais ênfase no mercado de exportação.



A indústria têxtil e de vestuário brasileira está a registar uma evolução surpreendente, assumindo a liderança entre os países da América do Sul.

Outrora concentradas na satisfação das necessidades do mercado interno, as empresas do país estão a conquistar novos mercados e a moda brasileira é já uma referência internacional.

Actores globais no mercado de vestuário
Diversas empresas brasileiras encontram-se entre os melhores actores no mercado global de vestuário. A Vicunha Têxtil, por exemplo, é o maior produtor de denim do continente americano, segundo a directora de informação da empresa, Thais Camargo. «Apesar do consumo ter-se retraído em todo o mundo, o nosso crescimento internacional manteve-se forte nos mercados da Argentina, América do Sul e Europa, através do desenvolvimento de produtos que satisfazem as necessidades de cada mercado», explica Camargo.

A Vicunha Têxtil possui mais de 2.000 clientes activos no Brasil e mais de 700 clientes noutros países. No entanto, a directora de informação da empresa admite a existência de muitos obstáculos para as empresas brasileiras: «O Brasil é um grande produtor têxtil e também um mercado importante para o sector. Mas, como todos os outros, tem as suas dificuldades, como a falta de acordos comerciais com os EUA e a Europa, volatilidade da moeda que nos impede de estabelecer estratégias de negócio a longo prazo e a fragilidade da cadeia de produção»

Entre as principais empresas têxteis do Brasil encontram-se também a Tavex e a Coteminas e no sector de vestuário estão a Marisol, Osklen, Poko Pano e Lucidez. Fernando Pimentel, director da ABIT, refere que «a última década tem sido muito dinâmica para a indústria têxtil e de vestuário brasileira e poderíamos dizer que foi um período para que as empresas se adaptassem ao novo cenário mundial, onde não existem mais quotas têxteis. A nossa moeda, o real, tem valorizado e cada situação deve ser bem controlada para que possamos manter a competitividade em qualidade e ética». Pimentel observa ainda que existem muitos desafios a serem enfrentados no futuro: «o Brasil tem muitos problemas macroeconómicos, como elevadas taxas de juros, custos laborais e muitos impostos elevados sobre a produção. Para a próxima década, o desafio será o de inovar mais e trabalhar com os governos a fim de incentivar a produção e reduzir os impostos».

Confiança no retalho
Olhando especificamente para a procura e o retalho, apesar da confiança do consumidor brasileiro ter caído uns expressivos 21 pontos entre o segundo semestre de 2008 e o primeiro semestre de 2009, recuperou 20 pontos na segunda metade de 2009, regressando aos 108 pontos, de acordo com o índice global da confiança do consumidor da Nielsen, tornando a confiança dos consumidores na quinta maior do mundo.

A empresa AT Kearney avaliou o Brasil como o número um em desenvolvimento no mercado de vestuário no mundo, devido às suas grandes vendas de roupas, os gastos com o vestuário per capita (nos 490 dólares em 2009), a população jovem (60% abaixo dos 29 anos de idade), o aumento do nível de rendimentos, o aumento do poder de compra dos consumidores influenciado por maiores salários e o maior acesso ao crédito e ainda devido à sua robusta taxa de crescimento do consumo de 20% entre 2005 e 2009.

Underwear e nightwear apresentaram o maior crescimento em 2008, segundo a Euromonitor. As vendas de vestuário para bebé e criança também aumentaram e espera-se ver um crescimento mais elevado do que no vestuário adulto.

O sportswear é um excelente nicho de mercado porque os brasileiros são frequentemente activos, estando geralmente envolvidos em muitas actividades desportivas. Mas, apesar da exuberância brasileira nas praias, o local de trabalho ainda é muito conservador e o vestuário formal é sempre bem sucedido. O vestuário casual está apenas a começar a progredir no mercado.


O mercado de retalho no Brasil é muito fragmentado, constituído principalmente por pequenos retalhistas locais. No entanto, hipermercados e cadeias têm expandido extensivamente – o gigante norte-americano WalMart abriu 32 lojas em 2009 e as suas vendas subiram 4,3% ao longo do ano e a C&A opera actualmente 150 lojas no Brasil.

Segundo o Euromonitor, a procura está a aumentar mais nas classes média e baixa, que procuram produtos de moda a preços acessíveis. As marcas internacionais, como Diesel, Ralph Lauren, American Apparel, Lacoste, Zegna e Guess estão a crescer no mercado. No entanto, Sophie Dewulf da Stylesight afirma que «as marcas nacionais ainda dominam, porque têm mais a mão no pulso do gosto e necessidades brasileiras. As empresas estrangeiras são mais propensas a cometer erros ao nível de apresentar propostas de moda para as quais os brasileiros não estão prontos. O mercado da moda brasileira é mais lento na absorção».

Importações
As importações para o Brasil (não incluindo a fibra de algodão) foram, segundo a ABIT, de 3,776 mil milhões de dólares (2,76 mil milhões de euros) em 2008, comparados com os 2,883 mil milhões de dólares em 2007,.

A China é, de longe, o mais importante fornecedor do Brasil nas importações de produtos têxteis e vestuário, fornecendo 312.760 toneladas de produtos têxteis no valor de 1,404 mil milhões de dólares. A Indonésia ocupa um distante segundo lugar (168.530 toneladas no valor de 441,98 milhões de dólares), seguida pela Índia (113.600 toneladas e 270,36 milhões de dólares), Estados Unidos da América (44.430 toneladas e 210,59 milhões de dólares) e Argentina (46.670 toneladas e 196,02 milhões de dólares).


Fonte:portugaltextil.com

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