quinta-feira, 3 de março de 2011

Qual o Rumo do Dragão Chinês?

A China será uma terra de oportunidades e panaceia para os problemas da comunidade global de negócios ou uma bomba-relógio económica, pronta para detonar a frágil recuperação internacional e promover uma segunda crise?

Uma coisa parece certa: a China é hoje um pilar nos planos de crescimento de muitos dos maiores grupos de bens de consumo e retalhistas. Em meados de Janeiro, o Carrefour divulgou que o seu ano foi impulsionado pelo crescimento sólido na América Latina e Ásia, com as vendas a crescerem 12,5% na China no último trimestre. O recente desempenho decepcionante da Tesco na época natalícia no Reino Unido foi, em parte, abafado por um crescimento a nível internacional, onde a China foi novamente salientada de forma positiva. A M&S também continua a abrir lojas no país.

A Burberry, especializada em produtos de luxo, viu as suas vendas comparáveis crescerem 30% na China no último trimestre e capitalizou ainda mais a procura com a abertura de uma nova loja em Pequim.

Os gigantes Nike e Adidas também aumentaram as suas ambições para a China nos últimos anos, estimulados por novas oportunidades de marketing nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Efectivamente, a Adidas está a planear abrir 2.500 novas lojas na China nos próximos três anos como parte do seu plano de negócios “Route 2015”.

A China é já a segunda maior economia do mundo e as autoridades chinesas divulgaram que a economia do país cresceu 10,3% em 2010, marcando o ritmo anual mais rápido desde o início da crise global. Segundo as estimativas, a China poderá ultrapassar os EUA, tornando-se na maior economia do mundo por volta de 2030.

Mas enquanto o Ocidente luta para conseguir dar um passo que seja no sentido do crescimento, o receio na China é o de estar perto do sobreaquecimento, especialmente em relação à inflação, que estava em torno dos 4,6%, e ao boom do crédito, que o governo parece estar a tentar diminuir.

Até mesmo o Goldman Sachs, durante muito tempo um apoiante feroz das perspectivas da China e dos BRIC, adoptou uma perspectiva mais sombria. Tim Moe, estratega do banco para a Ásia-Pacífico, disse que, «para ser franco, poderemos ter mantido demasiado tempo uma posição forte na China no ano passado. Decidimos, por uma questão táctica, reduzir o nosso peso. A Ásia não está na melhor parte do ciclo. O quadro a longo prazo da Ásia superar os EUA está em pausa».

Para já, a aposta contra a continuação do bom desempenho da China ainda precisa de ser comprovada e espera-se que a enorme população da China continue a aumentar a procura. Os números do crescimento no quarto trimestre contrariaram as expectativas de um abrandamento, passando de 9,6% para 9,8%. E a inflação cedeu um pouco, para 4,6% em Dezembro, de um máximo de 28 meses de 5,1% no mês anterior. A inflação para o ano inteiro de 2010 foi de 3,3%.

Mas os menos optimistas argumentam que quanto mais adiada for a queda da China, maior poderá ser. E embora as taxas de inflação estejam abaixo das do ano passado, ainda estão perto de máximos históricos e bem acima de um valor saudável. A ironia é que, embora os níveis de crescimento divulgados possam ser saudados por todos aqueles actualmente à procura de ganhos de curto prazo no mercado, eles podem, finalmente, convencer as autoridades chinesas que agora é a hora de fazer um esforço determinado para arrefecer a economia. A alternativa a uma expansão do crédito e ao crescimento acentuado e descontrolado da inflação pode ser bem mais desagradável.

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Fonte:portugaltextil.com








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