Esta semana 100 funcionários foram demitidos de uma empresa de calçados e 15 fábricas entrarão de férias coletivas
Novamente o setor têxtil é alvo de denúncias do Sindicato de Trabalhadores da Indústria Têxtil (Sinditextil). Além de demissões, o aumento de carga horária, as férias coletivas “fora de época” e a crise do algodão foram alguns temas levantados pelo presidente da categoria, Giseldo dos Santos.
Segundo ele, a fábrica de calçados Azaléia já demitiu uma média de 500 funcionários este ano e que juntos, os setores têxteis e de calçados, já destituíram 700 pessoas. “Estamos preocupados, pois somente esta semana a Azaléia demitiu 130 pessoas. E outro alerta é para as férias coletivas em 15 fábricas de confecções dos municípios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Propriá e Tobias Barreto. Recesso neste período do ano não é comum”, diz.
Com estes números e também com a informação de que houve aumento de carga horária para suprir a demanda ocasionada por aqueles demitidos, de acordo com Giseldo, muitos funcionários estão trabalhando sobre pressão e com medo de serem demitidos. “A arbitrariedade e a pressão é tamanha que uma funcionária de pré-nome Vanderléia sofreu um acidente ontem e decepou o dedo em uma máquina”, conta.
100 demitidos
Contestando as informações do presidente do Sindicato, o gerente geral da fábrica Azaléia, Adriano Pires, confirmou a demissão de 100 dos 500 imposto a empresa. “Não está havendo crise na Azaléia.
Giseldo dos Santos diz que a pressão é grande (Foto: Arquivo Infonet)
Os 100 funcionários demitidos não estavam atendendo a qualificação necessária. Eles são dos quatro municípios onde a empresa opera e não são de um único seguimento”, explica.
Adriano ressalta que este ano chamaram 45 novas costureiras e que no ano de 2010 foram 1411 funcionários contratados. “Não é interessante para a empresa demitir e admitir, pois temos um gasto com cada profissional até qualificá-lo para uma determinada função. Não temos a política de contratar quando temos um maior número de pedidos e demitir quando eles diminuem”, diz.
A respeito da carga horária, o gerente informou que os funcionários só trabalham aos sábados quando existe um pedido maior de mercadorias ou quando necessitam adiantar o serviço, a exemplo das folgas que tirarão no carnaval. “Não são fins de semanas trabalhando, mas alguns sábados. Eles não trabalham domingo. Os últimos sábados foram necessários por que tiraremos folga nos dias 8 e 9, já que dependemos de um fornecedor da Bahia”, conta.
Sobre a funcionária, Adriano Pires confirmou o acidente e explicou que foi uma fatalidade. Ele informou que a empresa vinha comemorando os quatro meses sem histórico de acidente que necessitasse afastamento. Ano passado a Azaléia de Sergipe investiu mais de R$2milhões em equipamento de proteções em máquinas, mais meio milhão de reais em Equipamento de Proteção Individual (EPI), além de fazer um trabalho de conscientização dos cuidados com cada colaborador.
“Não nos eximimos da responsabilidade, mas o que aconteceu não foi falta de IPI e nem proteção de maquina. Um técnico foi fazer a manutenção em uma máquina e precisou desligar. Quando ele ligou o equipamento novamente ela colocou o dedo em uma maquina que prensou seu dedo. Todas as providências foram tomadas na hora e ela apesar de ter tido parte do dedo esmagado não perderá o mesmo” , conta.
Zeca da Silva (foto: Marcos Rodrigues)
Sedetec
A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, da Ciência e da Tecnologia e do Turismo (SEDETEC), através da Codise, informou que recebeu o presidente do Sindicato, Giseldo dos Santos, e está ciente das denúncias. Eles informam também que convocará a direção da Azaléia em Sergipe para discutir as questões referentes ao atual momento da empresa, já que o acordo é que os incentivos têm que ter obrigatoriamente a contrapartida da garantia de emprego dos funcionários da empresa.
O secretário Zeca da Silva, através de sua assessoria de comunicação, acrescenta que ouvirá a empresa, mas caso esta esteja descumprindo qualquer ponto do que foi acordado tomará as medidas legais cabíveis. Ele buscará o cumprimento da lei e também as possibilidades do Estado para auxiliar a empresa no que for possível para garantir os empregos dos trabalhadores.
Manifestações
O Sinditextil informa que fará manifestações a partir do dia 02 de março na porta da Assembléia Legislativa e no Palácio de Despachos. O objetivo é chamar a atenção do governador e dos parlamentares para os problemas destes trabalhadores.
“ O nosso país está aberto para os importados e os preços dos tecidos e calçados são baixos e prejudicam as empresas nacionais. Além disso é importante que o governador interceda junto ao Governo Federal sobre a possibilidade de isenção do algodão importado, por que no período de entressafra do mesmo no Brasil, os preços dos nossos produtos sobem e eles necessitam demitir”, diz.
O Portal Infonet não conseguiu contato com uma das 15 empresas citadas por Giseldo dos Santos na matéria. Estamos abertos e dispostos a explicar e ouvir suas diretorias.
FONTE: http://www.infonet.com.br/economia/ler.asp?id=110118&titulo=eco...
Nenhum comentário:
Postar um comentário