domingo, 4 de dezembro de 2011

Jovens Buscam Carreira Dinâmica na Cadeia Têxtil


Ângela Valiera, responsável pela área de novos negócios e inovação do Carreira Fashion: inversão de posições
Anualmente, 15 mil novos profissionais de moda são lançados ao mercado de trabalho no Brasil. O país conta hoje com 158 cursos de graduação na área, reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC). No nível técnico, há 60, e profissionais interessados em dar um "upgrade" na carreira têm à disposição cerca de 30 programas de pós-graduação, de abordagens diversas.
O setor de moda, considerando-se a produção de vestuário - da fiação e tecelagem à confecção e ao varejo -, é o que mais emprega dentro da chamada indústria de transformação. A área é também a principal geradora do primeiro emprego, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit): 70% da mão de obra é feminina e 40% dessas profissionais são chefes de família.
Os segmentos de fiação e tecelagem, juntos, empregam cerca de 450 mil trabalhadores. O de confecção, que se caracteriza pela produção com mão de obra intensiva, soma 1,250 milhão de trabalhadores, e o varejo, cerca de 700 mil.
O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, lembra que, depois de começar com o nível de emprego em queda, 2009 se encerrou com quase 12 mil novos postos. Já, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o saldo estimado de 2010 foi de 55 mil empregos novos no setor. A alta, no entanto, não se mantém em 2011. Sob a pressão da crise internacional, este ano deve terminar, segundo estimativa da Abit, com resultado negativo de 10 mil postos. "A alta carga tributária, a deficiência na defesa comercial, o elevado custo de capital e de infraestrutura, o desequilíbrio cambial, bem como o crescimento das importações brecam o melhor desempenho", afirma Pimentel.
Lançado em 2005 por Airton Embacher, empresário com amplo currículo como executivo e na área acadêmica, o site de Carreira Fashion reúne amplo banco de dados e divulga vagas do setor. Ângela Valiera, responsável pela área de novos negócios e inovação do site de recursos humanos, comenta que, há seis anos, 70% dos que recorriam ao serviço eram estudantes em busca de estágios. O dinamismo do mercado fez a proporção se inverter: "Hoje, 75% são profissionais e 25%, estudantes".
A grande procura entre os profissionais, segundo a executiva, recai sobre a área de design de moda. "Recentemente, uma empresa de grande porte anunciou, às 16 horas, uma vaga de assistente de estilo. No dia seguinte, às 9 da manhã, pediu para retirar, tamanha a avalanche de currículos recebidos", conta Ângela. O bom resultado decorre do fato de os cadastrados receberem por e-mail avisos de vaga. "Publicamos cerca de 3 mil ofertas diariamente".
"A criação exerce especial fascínio sobre os jovens profissionais", ressalta Ângela. Por isso, a concorrência é maior para essa posição: a média é de 4,8 candidatos para cada vaga do segmento divulgada pelo site, com remuneração para iniciantes em torno de R$ 1.350,00. Já, entre os modelistas, o salário inicial é cerca de 27% mais alto. "As empresas precisam de bons modelistas, com técnica e informação de moda, e pagam bem por isso", atesta a executiva.
Segundo ela, o salário médio do modelista pleno é de R$ 3 mil, mas pode chegar a R$ 10 mil, de acordo com a experiência do profissional. "Já houve momentos em que havia 'meio' candidato para cada vaga. Mas a proporção atual é de um para um".
Com salário médio de R$ 1.373,54 para assistente; R$ 2.417,88 para profissional pleno e R$ 3.986,07 para supervisor, o marketing é outra área crescente dentro do setor fashion, assim como a comunicação. Do início de 2010 para cá, cresce o número de empresas interessadas em profissionais de moda, jornalismo, publicidade e marketing para alimentar as mídias sociais e blogs das marcas. "O valor da remuneração começa em R$ 1 mil. Só a partir deste ano os jovens despertaram para esta oportunidade, com 6,7 candidatos por vaga", diz Ângela.
A atenção dada ao varejo faz com que a função do profissional de vendas ganhe novo status e importância. "As marcas querem profissionais que falem a linguagem da moda, saibam dialogar com o consumidor e, assim, sejam consultores que viabilizem a venda", ensina Ângela. "São empresas que preferem ensinar técnicas de vendas e gestão a quem entende de moda", ressalta.
Segundo a executiva, o jovem profissional que faz esta opção ganha em média R$ 1.900,00 e tem a oportunidade de aprender mais sobre visual, merchandising, vitrine, mix de produto, estoque, giro e outras áreas. "Ele pode se tornar um comprador de moda para a empresa ou atuar na criação, já que teve contato direto com o cliente e tem conhecimento sobre o que vende ou não". Para todas as áreas, o tempo médio de espera, do envio do currículo até a efetiva contratação, baixou de 2,8 meses para 1 mês. "Existe demanda e os candidatos devem apostar na boa formação para encarar os desafios".
Em pesquisa realizada pelo Carreira Fashion em 2009, empresários apontam o que os jovens candidatos precisam melhorar. Entre os principais pontos, estão: visão de construção de carreira (enxergar o mercado e conseguir planejá-la), habilidade numérica, visão comercial (custo, preço, concorrência), espírito empreendedor, persistência e paciência. É recomendável ainda que se aprofundem em técnicas de Programação e Controle de Produção (PCP), compras, desenvolvimento de fornecedores, costura, varejo e atacado.

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