sexta-feira, 26 de abril de 2013

Qual é o corpo brasileiro? A padronização das tabelas de medidas

Já é problema antigo do setor da confecção nacional - criar um padrão de tabela de medidas que deva ser seguido por todas as empresas de moda do país, afim de facilitar para o consumidor encontrar a peça do seu tamanho. Dada a diversidade do corpo do brasileiro, muitos desafios ainda estão por vir nessa padronização.

O Senai Cetiqt está realizando um estudo antropométrico da população brasileira, que deve ser concluído até meados de 2014. A ABNT já havia criado uma tabela para o público infantil e masculino, mas que não era majoritariamente seguida pelas empresas e, até o final deste ano, pretende terminar sua tabela padronizada para o feminino. Mas por enquanto nada foi definido, o que leva cada empresa a usar as tabelas que preferir, muitas vezes baseadas em medidas internacionais, que não servem para a nossa população.

A discussão foi também tema de documentário, Fora de Figurino - As medidas do jeitinho brasileiro, de Paulo Pélico.
Conversamos com Sheila Gies, que é MSc em Desenvolvimento de Produto de Vestuário e Ph.D. em Design de Moda e Cultura Material, ambos pela Manchester Metropolitan University,  Reino Unido, e professora associada à WelfenAkademie Braunschweig, Alemanha, sobre os desafios para se definir essa tabela.


Blog Tendere: Por que é tão difícil definir um padrão de medidas nacional?


Sheila Gies: Para se ter um padrão confiável de medidas nacional é necessário que se empreenda um processo meticuloso de medição, registro e análise de dimensões específicas do corpo de um número representativo de brasileiros, ou seja, o número de pessoas a serem medidas no processo deve ser considerado estatisticamente em proporção à nossa população total, que está em torno de 200 milhões, e as variáveis de sua concentração em áreas do nosso país, que possui dimensões continentais.

Para se ter uma ideia, no Reino Unido, o pioneiro a empreender esse tipo de pesquisa com escaneamento em grande escala, em 2001, teve uma amostragem de 11 mil voluntários  (da qual fiz parte), para uma população de aproximadamente 58 milhões  Se considerarmos para o Brasil os mesmos critérios usados no Reino Unido, podemos esperar uma amostragem de pelo menos 38 mil voluntários. Esse número, muito alto, pode ser comprometido por recursos operacionais financeiros ou mesmo técnico-científicos, já que as distâncias entre os locais onde a pesquisa é feita é ainda maior no Brasil.
Supondo que a amostragem seja representativa, definir um padrão implica em estabelecer uma uniformidade de acordo com critérios pré-estabelecidos. Estabelecer tais critérios é uma das facetas mais importantes, pois a variação física nacional é extensa, a distribuição das dimensões do corpo é bem particular. Temos estereótipos  mas não um padrão físico real reconhecidamente nacional. Além disso, padrões não são definitivos, podem mudar com o passar do tempo, de acordo com a nutrição ou estilo de vida, entre outros, e necessitam de atualização.
A distribuição geográfica da população no Brasil também pode dificultar, por ser complexa e não é estática. Além de aspectos diferenciais entre regiões que colaboram para as dimensões do corpo como clima, composição étnica predominante na miscigenação  estilo de vida, alimentação ou renda per capta, não se pode esquecer o fluxo migratório entre as regiões  Embora o processo seja complexo, tais dificuldades não devem impedir que o empreendimento seja feito, porque são estas também as principais características que demandam o levantamento antropométrico.
BT: Quais os principais fatores na hora de se pensar um padrão de medidas para o brasileiro?

SG: O escaneamento é feito em duas instâncias: de pé e sentado. Quando pensamos em escaneamento, pensamos em números que as medidas digitalizadas irão revelar. Medidas manuais também são tomadas, para incluir medidas não abrangidas pelo processo de digitalização  No caso do Reino Unido foram 130 medidas digitalizadas e 8-10 manuais (por ex. altura e peso, circunferência na cintura, quadril e tórax).

Além destes dados devem-se incluir informações qualitativas fundamentais e pertinentes a todo processo de levantamento antropométrico, como idade, gênero, região ou cidade onde a medição foi feita, tamanho percebido, dados pessoais, questões de vestuário, hábitos de compra e preferências, estilo de vida, incluindo saúde e prática de esportes, ocupação e emprego, grupo sócio-econômico. No Reino Unido incluiu-se o item “etnia”, que não considero pertinente no nosso caso porque a miscigenação é uma das nossas principais características.

Tendo a parte do processo de medição e registro das informações completos, vem a fase da análise de tais informações  Essa sim é fundamental porque, baseada nos dados, estabelecerá quais os dados que apresentam similaridade suficiente para serem definidos como grupo. É provável que os dados revelem dimensões bem particulares, porque nossa miscigenação é única. Pode ser que tenhamos de definir tamanhos pequeno/curto, pequeno/médio e pequeno/longo, o mesmo acontecendo com o tamanho médio e grande, o que já existe em outros países, mas é bem provável que com dimensões diferentes do que teremos em nosso país.
É uma pesquisa muito interessante e importante em vários aspectos. Conhecendo melhor nossos biotipos, no plural, certamente tornará o processo produtivo mais econômico e sustentável, com menos sobras para liquidação  além de melhorar a qualidade do caimento, conforto, aparência e facilitar a identificação do tamanho na hora da compra, fundamental em tempos de comércio virtual.

Vivian Berto
veja o post no blog.
Tendere - Pesquisa de Tendências e Consultoria em Moda, Beleza e Design

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Confecção em Nova Friburgo, RJ, Utiliza Lixo Têxtil para Reflorestamento

O objetivo do projeto é estimular a conscientização ambiental nas escolas.
Neste sábado (27) mais uma instituição de ensino adere ao cultivo de árvores

Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, é capital da moda íntima e cada vez mais, se torna local de confecções com boas ideias. A quantidade de lixo têxtil gerado por várias empresas friburguenses é constante e há quem saiba reutilizar esse material em ações voltadas para o meio ambiente. É o caso da confecção “Elas”, que ao invés de jogar no lixo os cones de linha e os restos de tecido de algodão, os reutiliza para cultivar mudas de árvores nativas da mata atlântica. O projeto chamado “Elas Preservando” já foi implantado em três escolas da cidade, onde as crianças aprendem a cuidar e a plantar as mudas de plantas.
Os alunos desta escola acompanham de perto o crescimento das mudas (Foto: Divulgação)Os alunos desta escola acompanham de perto o crescimento das mudas (Foto: Divulgação)
A microempresa surgiu em março de 2010, mas desde 2009 os proprietários Alex Sandro Santos e Adriana Maria dos Santos pensaram em dar utilidade para o que antes, era jogado fora. “Naquela época (2009) fazíamos facção de sutiã, ou seja, prestávamos o nosso serviço para uma confecção de grande porte da cidade. Cada par de bojo (material de espuma usado no sutiã para dar sustentação aos seios) vai dentro de uma sacola plástica onde consta o nome do fabricante e o tamanho do bojo”, contou Alex, que começou reaproveitando essas sacolinhas.
Em 2011, Alex e Adriana passaram a fabricar roupas de bebê e por não ter mais as sacolinhas do bojo, começaram a reaproveitar os cones de linha de costura industrial de sua própria fábrica e também de outras empresas. “Esse material é muito semelhante ao tubete de plantas e por ser feito de PVC, pode ser reaproveitado várias vezes, já que a muda é retirada deste plástico para ser introduzida no solo”, explicou Alex. Ele lembrou que o objetivo do projeto é expandir a área verde em Nova Friburgo, despertar o interesse do empresariado local no desenvolvimento de ações voltadas para a preservação ambiental e estimular os estudantes para um contato direto com o meio ambiente.
As mudas de plantas nativas da Mata Atlântica são cultivadas dentro dos cones de linha. (Foto: Divulgação)
As mudas de plantas nativas da Mata Atlântica são
cultivadas dentro dos cones de linha.
(Foto: Divulgação)
A ideia tem dado tão certo que a Escola Municipal Patrícia Jonas S'antanna, Centro Educacional Souza Poletti e Colégio Estadual José Martins da Costa já aderiram ao projeto e neste sábado (27), a Escola Parque Folly também vai ganhar mudas de plantas. Segundo Alex, o projeto vai auxiliar os professores na educação ambiental dos alunos, entre 6 e 14 anos, de forma simples e prática, onde os próprios alunos ficarão encarregados de cuidar das mudas até as mesmas atingirem a fase ideal para serem plantadas definitivamente.
Segundo Flávia Souza, diretora do Centro Educacional Souza Poletti, o projeto foi implantado na escola no ano passado e neste ano, vai receber novas mudas de plantas nativas na Mata Atlântica. “Nós achamos esse projeto muito interessante, pois nós já trabalhávamos com educação ambiental”, contou Flávia, que implantou em sua escola o projeto “Minha escola é verde”. As crianças que participam do projeto tem entre 1 e 10 anos e cultivam aproximadamente 70 mudas de pinheiro de araucária e palmito juçara.
“Está sendo muito bom pra gente. Antes nós tínhamos apenas a teoria e agora os alunos aprendem na prática, cuidando de uma muda de árvore. Eles cuidam com muito amor e carinho e já imaginam a árvore plantada num parque. A nossa disciplina de educação ambiental teve uma aceitação muito grande dos alunos, justamente por conta do projeto "Elas Preservando”, frisou Flávia que adotou, inclusive, uniformes ecológicos (50% pet e 50% algodão) para os professores e pretende expandir para os alunos.
Depois de cultivadas pelos alunos, as mudas se transformam em árvores para plantio definitivo (Foto: Divulgação)Depois de cultivadas pelos alunos, as mudas se transformam em árvores para plantio definitivo (Foto: Divulgação)
A confecção possui atualmente cinco mil cones de linhas vazios que estão disponíveis, além de retalhos de tecido de algodão que são utilizados para para tapar o orifício interno do cone de linha, para evitar que a terra caia. A ideia da empresa é expandir o projeto para outras escolas da cidade.
A confecção “Elas” foi a primeira empresa do ramo a receber um selo verde da ONG Ecolmeia, que mostra que a empresa é amiga da natureza, atraindo o cliente mais consciente. No que diz respeito à formação do aluno que participa do projeto, Alex acredita que o principal benefício é a conscientização ambiental, já que as crianças estão em contato direto com a natureza, compreendendo, desde cedo, que com atitudes simples e práticas podem contribuir para a preservação do meio ambiente.
“Poderíamos simplesmente comprar mudas de árvores de algum horto e plantá-las. Aí diríamos que já estamos fazendo a nossa parte. Certamente isso daria muito menos trabalho, mas não teríamos um projeto que tem como missão educar e fazer com que a nova geração cresça com a responsabilidade de cuidar da fauna e da flora”, frisou Alex, lembrando que não adianta plantar árvores hoje, se futuramente elas forem cortadas pro falta de conscientização.
As crianças cultivam as mudas até chegarem no tamanho de plantio definitivo (Foto: Divulgação) 
As crianças cultivam as mudas até chegarem no tamanho de plantio definitivo (Foto: Divulgação)
Segundo Alex, o próximo passo da empresa é levar (em parceria com a secretaria de educação de Nova Friburgo) o projeto para várias escolas municipais. “Também estamos buscando junto com a Prefeitura um local onde possamos montar um viveiro de mudas em maior proporção para que este espaço possa servir como base e receber as mudas cultivadas pelas escolas até serem plantadas em local definitivo. Imaginamos que o local ideal para isto seria o horto municipal onde já existem pessoas capacitadas para auxiliar nos cuidados das mudas. Pretendemos nos encontrar com o secretário de meio ambiente nos próximos dias para apresentar o projeto, criando uma área de conservação ambiental e gerando uma maior arrecadação de ICMS-Verde” frisou Alex.
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domingo, 21 de abril de 2013

Empresa vaca leiteira

Nos dias atuais tenho encontrado muitas empresas em que seus colaboradores querem fazer de suas corporações verdadeiras empresas vacas leiteiras.Afirmo isso porque não há gestões corporativas por parte de seus empreendedores.Por serem qualificados para cobrarem seus colaboradores a altura do que realmente eles precisam ser cobrados.Por isso estes funcionários vão literalmente "empurrando com a barriga" as suas pseudos tarefas  vão deixando muito a desejar no desempenho daquilo que foi remunerado para desempenhar.O mais chato de tudo isso,é que não querem mais ficaram nas empresas e sabem que algumas destas corporações não querem ter o custo da demissão e fazem de tudo para que estes colaboradores peçam demissões.Como não acontece por parte da empresa o desligamento destes funcionários.Vão como disse anteriormente, com outras palavras, "empurrando com a barriga"fazendo desta empresa uma verdadeira vaca leiteira".Aonde todos querem mamar na teta da vaca.E com isso geram um desgaste tremendo para quem está de frente da gestão.Normalmente gestores qualificados vindo do mercado.Erros consideráveis por parte destes colaboradores, ô não comprometimento para com a empresa e ausências consideráveis.Um profissional satisfeito faz com que aumente a rentabilidade de forma positiva para as corporações.Visto que o maior ativo em uma empresa são seus funcionários.Então é hora de despertarmos para uma nova visão de gestão,aquela que é holística e precisa ser revista urgentemente.Outro dia um amigo do segmento disse-me que se não fizeram o exercício do dia a dia ficaram reprovados.E olha que as doses são homeopáticas.Imagina se formos aplicar  a liderança chicote,não deu produção,não cumpriu suas tarefas de forma assertiva é advertência e depois suspensão.Mas já foi tempo deste tipo de liderança.Hoje em dia este forma já não mais cabe espaço,porque gera um stresse e um desgaste sub humano.

-Técnico especializado em Confecção de Roupas em processos industriais pelo SENAI/Cetiqt.
-Bacharel em Administração de Empresas com foco em produção e negócios de Moda pelo SENAI/Cetiqt, sendo considerado o melhor aluno.
-Pós graduando em Logística Empresarial pelo Funcefet.
-Correio eletrônico: luizrsaraiva@gmail.com/luizrobertoxhonestidade@yahoo.com.br
Tel.(s): (0xx5521)9161-1169/8509-4175


terça-feira, 9 de abril de 2013

Como Blogueiras Fazem da Moda um Negócio Lucrativo

Elas faturam até 100.000 reais divulgando modelitos, comentando produtos de beleza e comparecendo a eventos — sempre em combinação com as marcas

Thássia Naves recebe mais de 100.000 visitas diariamente em seu blog. No Instagram, ela possui quase 500.000 seguidores
Thássia Naves recebe mais de 100.000 visitas diariamente em seu blog. No Instagram, ela possui quase 500.000 seguidores (Reprodução/Instagram)
Elas estão na faixa dos vinte e poucos anos, adoram comprar roupas e itens de beleza e também palpitar em seus blogs sobre as combinações mais adequadas para cada ocasião. Além disso, descobriram como a publicidade pode virar um negócio rentável se aliada ao conteúdo de seus sites. Promovendo marcas, experimentando modelitos, comparecendo a eventos e testando produtos de beleza, essas garotas faturam até 100.000 reais por mês. Elas não são jornalistas ou críticas de moda, que se dedicam à análise do assunto como um fenômeno cultural. São, na verdade, consumidoras influentes, que levam as novidades do mercado a uma audiência cativa de meninas da mesma idade, igualmente apaixonadas pelo assunto. "Queridas: esta bolsa é um luxoooooo!", eis uma publicação verossímil das jovens blogueiras.
O modelo de negócio dos blogs é baseado na venda de espaço publicitário: o texto, foto ou vídeo publicado dá destaque ao produto de uma marca, que remunera a autora. Esse, contudo, nem sempre é um casamento perfeito. No ano passado, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) advertiu um grupo de blogueiras que não deixava claro que suas postagens tinham esse caráter. Era gato por lebre.
Para evitar o problema, as blogueiras agora explicitam quais postagens rendem dinheiro. Assim, são comuns publicações acompanhadas pelas palavras "publipost" (ou seja, post publicitário) e até "jabá" (redução da palavra "jabaculê", que tanto pode signficar dinheiro para aliciar alguém quanto gorjeta). Em tese, cada uma das garotas promove marcas com as quais se identifica. "Como nesse tipo de trabalho cria-se um envolvimento entre a marca e a blogueira, cada parceria é analisada previamente pela autora do blog", diz Carol Quinteiro, sócia da F*Hits, rede do segmento de moda que reúne 24 blogueiras. "É importante que haja alguma identidade entre a marca e o caráter do blog." 
Arte/VEJA
A maioria dos blogs considerados "top" pelos anunciantes — aqueles que reúnem boa audiência e relevância — tem ao menos três anos de vida e não nasceu com proposta comercial. O sucesso desses endereços logo atraiu as empresas. As garotas, que começaram sozinhas, passaram a contar com a ajuda de consultorias, que fazem quase de tudo: ajudam a incrementar os blogs, revisam textos e editam fotos, além de mediar a relação entre blogueiras e anunciantes. Os acordos variam de 10% (caso da gCampaner, consultoria fundada por Gabriel Campaner, ex-Daslu) a 50% (caso da F*Hits).
A atenção despertada pelos blogs se apoia em números nacionais. O mercado brasileiro de moda movimentou mais de 100 bilhões de reais em 2012, segundo relatório do Ibope. Na internet, beleza e moda já figuram em segundo e terceiro lugar, respectivamente, como os segmentos que mais faturam, de acordo com o relatório WebShoppers, da e-bit, consultoria especializada em e-commerce. Consequentemente, a marcação #lookdodia, hashtag utilizada no Instagram para identificar as sugestões das blogueiras, ganha relevância — e valor publicitário. Entre a exposição de uma peça e a sua venda o caminho virtual é curto. E a influência das blogueiras é crucial nessa conversão.
Augusto Mariotti, diretor de conteúdo da Luminosidade, responsável pelos sites da São Paulo Fashion Week, Fashion Rio e Rio Summer, lembra que o desempenho dos blogs (assim como dos demais sites) é facilmente mensurável, o que permite às grifes acompanhar em tempo real a resposta a uma campanha. "Essas blogueiras têm muitas seguidoras e acabaram se tornando porta-vozes dessas mulheres. As marcas simplesmente perceberam que as roupas exibidas por elas vendem mais", diz o empresário.
Arte/VEJA
Quem olha de fora pode pensar que a vida das blogueiras é repleta de diversão e glamour. Isso é verdade apenas em parte. Elas recebem muitos produtos de beleza, roupas exclusivas e jantares em restaurantes caros, além de acompanharem de perto (às vezes) as semanas de moda em locais como Nova York, Londres, Milão e Paris. A entrada nos desfiles mais concorridos, contudo, não é garantida. "As blogueiras trabalham muito. Elas dormem poucas horas por noite, acordam cedo, fotografam e precisam produzir conteúdo periodicamente", diz Carol Quinteiro, da F*Hits. "Essas meninas não são jornalistas e nem têm pretensão de ser. Mas seus blogs passaram a fazer sentido na vida de milhares de pessoas."
Entre os anunciantes mais empolgados com a onda dos blogs de moda estão lojas virtuais, produtos de beleza, sapatos, joalherias, marcas de roupas e até companhias aéreas. As grifes mais badaladas, no entanto, ainda olham a web com ceticismo. "As marcas de luxo não são entusiastas do e-commerce, já que querem oferecer aos clientes uma experiência única em suas lojas a partir do contato direto com o produto", diz Mariotti. A maré, contudo, pode mudar. "A fim de atingir um público mais jovens, grifes como a britânica Burberry já começaram a olhar a internet e as redes sociais com mais atenção."
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domingo, 7 de abril de 2013

A jogada mais ousada de Ronaldo, o dono da bola no país

Como o ex-craque se tornou a figura mais influente do futebol brasileiro - e como ele encara o risco de arranhar sua imagem na Copa do Mundo de 2014.

Ronaldo no anúncio das sedes da Copa das Confederações de 2012, no Museu do Futebol, em São Paulo
Ronaldo no anúncio das sedes da Copa das Confederações de 2012, no Museu do Futebol, em São Paulo - Paulo Whitaker/Reuters
O apelido que acompanhou o maior artilheiro da história das Copas do Mundo em sua trajetória como jogador é perfeito para descrever Ronaldo Luís Nazário de Lima, de 36 anos, em sua nova carreira. Afinal, o que o ex-craque conseguiu realizar em apenas dois anos, desde que pendurou as chuteiras, é simplesmente fenomenal. São poucos os ex-atletas de primeiro escalão que conseguem repetir em sua nova profissão o sucesso conquistado nos campos, pistas ou quadras. Mais raros ainda são os que superam rapidamente o trauma da aposentadoria precoce e encontram um novo rumo sem muita hesitação.
Ronaldo foi além: hoje, é a figura mais influente do futebol brasileiro, o homem-forte do Mundial de 2014 e um provável candidato à presidência da CBF ou do Comitê Organizador Local (COL) da Copa. Graças ao seu carisma, popularidade e uma surpreendente habilidade para farejar bons negócios, Ronaldo arrebanhou clientes de peso, ampliou sua rede de contatos e acumulou poder. É sócio de uma das principais agências de marketing esportivo do país, a 9ine. Com bom trânsito entre políticos das mais variadas vertentes, é um dos garotos-propaganda das ações do governo federal para o Mundial. No comitê da Copa, é o rosto mais conhecido e o interlocutor preferido de Joseph Blatter e Jérôme Valcke.
Por fim, desde a semana passada, encabeça o time de comentaristas da TV Globo, parceira da Fifa na promoção do evento - foi escalado para estrelar as transmissões da Copa das Confederações deste ano e, claro, do Mundial do ano que vem. Desde que acertou seu contrato com a emissora, Ronaldo vem sendo criticado por outros comentaristas - agora seus colegas de profissão - em função da tentativa de conciliar atividades aparentemente conflitantes (e da resistência em abrir mão de qualquer uma delas). Ele usará o microfone mais poderoso do país para criticar seus próprios parceiros comerciais, como Neymar? Caso o Mundial seja um fiasco, ele será capaz de afirmar, ao vivo na tela da Globo, que o comitê organizador que ele próprio integra fracassou?
Como se todos esses compromissos profissionais não fossem o bastante para preencher sua agenda, Ronaldo dará início a mais um projeto pessoal na terça-feira, quando embarca para uma temporada em Londres. Na capital britânica, será, acredite, estagiário. Vai afiar seu inglês (que hoje afirma ser "medíocre") e ganhar experiência numa das mais prestigiosas agências de publicidade do mundo, a WPP, cria de Martin Sorell, sócio minoritário da 9ine e CEO de um grupo cujo faturamento anual chega a 140 bilhões de reais. Ronaldo promete passar pelo menos uma semana por mês no Brasil. Sua ponte aérea até 2014 será entre Londres e o Rio de Janeiro, com eventuais passagens por São Paulo, onde fica a sede da 9ine. A experiência londrina pode ser encurtada se a imagem de José Maria Marin, o enrolado presidente da CBF e do COL, continuar se desgastando
Acredita-se que Ronaldo seria o nome preferido do governo e da Fifa para assumir a presidência do comitê organizador na esteira de uma eventual queda de Marin. É como se, caso ainda fosse atleta, o Fenômeno pudesse jogar como atacante, acumular o cargo de técnico, treinar para ser goleiro e ainda dirigir o ônibus da equipe. Esse acúmulo de cargos e funções fora dos gramados, com amplo terreno para prováveis choques de interesses e campo fértil para insinuações e suspeitas, é o grande desafio do ex-craque - e certamente a jogada mais ousada e arriscada de sua vida. Ao assumir o papel de "dono da Copa" na reta final dos preparativos para a competição - um evento que, como se sabe, está longe de ser um modelo de organização até agora -, o artilheiro coloca em risco uma reputação construída ao longo de duas décadas de muito suor e superação dentro de campo. Admirado por brasileiros de todas as faixas etárias e classes sociais, Ronaldo já passou relativamente incólume por muitos constrangimentos e trapalhadas. O país parece ter uma generosa dose de tolerância com um ídolo que viu crescer, brilhar e se reerguer depois de incontáveis tombos. Para o torcedor, Ronaldo é um bom sujeito, mas que comete suas burradas, como qualquer um. Desta vez, no entanto, as consequências de suas ações não serão refletidas apenas nele próprio, mas também no país. Ele é rosto do Mundial no Brasil e no exterior. Agora, um erro de avaliação ou desvio de conduta pode deixar cicatrizes muito mais profundas em sua imagem.
Um dos últimos superastros do esporte no Brasil, Ronaldo tem pouquíssimo a ganhar e muito a perder com seu envolvimento com a Copa do Mundo de 2014. O dinheiro, por exemplo, há muito deixou de ser uma prioridade. O patrimônio acumulado durante a carreira de jogador, estimado em um bilhão de reais, é a garantia de uma vida de conforto e luxo aos seus quatro filhos (Ronald, Maria Sofia, Maria Alice e Alex) e gerações de futuros descendentes. Conservador em seus investimentos - nesta semana, revelou que poupa 80% de tudo o que ganhou e investe apenas 20% na 9ine e em outros negócios -, Ronaldo lembra que está "com a vida ganha" e que, portanto, não precisa usar sua influência em benefício financeiro próprio. De fato, é difícil imaginar que o ex-craque recorreria a expedientes nebulosos para conseguir um novo cliente ou fechar um novo contrato - simplesmente porque ele não precisa de dinheiro e nunca foi um sujeito ganancioso. Como qualquer superatleta, porém, Ronaldo tem um temperamento muito competitivo e sente prazer em vencer desafios. É justamente assim que ele encara a condução dos negócios da 9ine.
O trabalho na agência foi tão satisfatório para Ronaldo que a traumática aposentadoria como jogador, anunciada em 2011, foi superada num prazo relativamente curto. A empresa, portanto, precisa seguir crescendo para manter o principal sócio sorrindo. E as oportunidades de negócio apresentadas pela Copa são intermináveis e tentadoras. Uma das primeiras suspeitas em torno da atuação de Ronaldo nos bastidores da organização do evento foi a vitória da Marfinite na disputa para fornecer as cadeiras da Arena Fonte Nova, estádio erguido com dinheiro público, em Salvador. A empresa foi escolhida mesmo não tendo a certificação obrigatória do Inmetro, responsável pelas normas técnicas que devem ser seguidas no país. Meses antes, a empresa havia fechado um contrato com a 9ine - com participação direta do ex-craque nas negociações. Ronaldo negou ter influenciado na escolha da Marfinite pelos baianos. Os clientes de Ronaldo deverão fabricar os assentos de mais um estádio do Mundial: o Itaquerão, futura casa do Corinthians, último clube da carreira do jogador. Andrés Sanchez, ex-presidente corintiano que virou amigo e grande aliado do ex-craque, é o principal responsável pela condução da obra.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Inbrands (Ellus e Richards) Reestrutura, mas Faltou Mercadoria

A Inbrands, holding que reúne grifes de moda como Ellus e Richards, reestruturou operações e enfrentou problemas de distribuição e logística no ano passado, quando teve prejuízo líquido de R$ 13,6 milhões, perda 34% menor que a registrada 2011. Na mesma comparação, a receita líquida mais que dobrou, para R$ 780 milhões.
Uma das grifes que tiveram problemas foi a Richards. "Parte da falta de produtos em relação à demanda verificada ao longo do ano decorreu de ineficiências em logística ainda existentes em nossa operação", informou o relatório anual da Inbrands.
No ano passado, a companhia promoveu uma reestruturação envolvendo, entre outras iniciativas, a centralização dos serviços de distribuição de atacado no Espírito Santo e de varejo em São Paulo. Além disso, concentrou a produção em fábricas terceirizadas no Rio de Janeiro para reduzir custos.
Outra ação dentro da reestruturação foi a mudança da sede do Rio para São Paulo, com a unificação das áreas de contabilidade, finanças, tecnologia da informação, jurídica, administrativa e coordenação logística das grifes de moda.
Para este ano, a Inbrands planeja continuar sua reestruturação, com melhorias nas áreas de distribuição e logística. "Temos para 2013 uma agenda importante na direção concreta de criação de valor com ataque em importantes alavancas de crescimento e busca de eficiência em quase todos pontos críticos de nosso negócio, passando pela área comercial, de "supply chain" e logística e de processos dentro de nosso CSC [Centro de Serviços Compartilhados]", disse a empresa.
A maior parte das grifes da Inbrands encerrou o ano passado com queda nas vendas "mesmas lojas" - unidades abertas há mais de um ano. Na Ellus, responsável 34% do faturamento da Inbrands, as vendas "mesmas lojas" cresceram 11,7%, expansão menor que a de 2011 (de 22,1%). Na Richards, que representa 30% da receita bruta da holding, o indicador recuou 4,9%. No ano anterior, havia crescido 5,2%.
As vendas da VR e VR Kids caíram 6,9%. Já na Salinas, de moda praia, houve crescimento de 5,4%. A Bob Store, a Mandi e a Alexandre Herchovitch venderam 10%, 24,5% e 3,4% a menos, respectivamente, nas lojas abertas há mais de um ano.
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