segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

História da máquina de costura: inovação e polêmica


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Antes do surgimento da máquina de costura, o processo de unir os tecidos era feito inteiramente de forma manual e podiam levar muito tempo (dias ou meses em finalizações sofisticadas) para ser executado e envolviam diversas costureiras. Alternativas a fim de solucionar essas questões começaram a ser pensadas com o objetivo de aumentar a produção.

Em 1775 foi feita primeira patente que fazia referência a uma máquina de costura, porém, o projeto nunca foi encontrado, pouco sabe-se se chegou a existir. Nesta época, a revolução industrial começou a ganhar corpo e novos equipamentos surgiram para atender a demanda, como máquinas que fabricavam tecidos, logo, começou a corrida por um sistema que agilizasse o processo de costura a fim de evoluir a técnica e o comércio de roupas e tecidos.
Elias Howe patenteou a máquina de costura de pesponto duplo/ Reprodução


Muitos outros projetos surgiram, mas foi apenas em 1830 que o alfaiate francês Barthelemy Thimonnier patenteou uma máquina de costura que funcionasse. A criação desagradou costureiras e alfaiates da época, que fizeram motim e quebraram a máquina. Barthelemy ganhou prêmios em feiras e exposições, porém, morreu como alfaia/te e na pobreza. Foi apenas quatro anos mais tarde que o americano Walter Hunt fez uma máquina de costura que funcionasse, porém, não fez patente devido ao medo da repercussão negativa junto aos profissionais da costura. Hunt desistiu de aprimorar o invento que apenas costurava em linha reta, sem curvas, zigue-zagues, voltas ou rendas.

A Revolução Industrial trouxe diversas mudanças ao cotidiano das pessoas, especialmente quanto ao tempo de trabalho, medido por relógio ou pelo tempo do trabalho nas máquinas. Nesta época ainda surgiram novos equipamentos, como o do americano Elias Howe, que criou e patenteou um sistema de costura de pesponto duplo. A criação era baseada em quatro pontos principais: agulha com “olho” na ponta, calcador pelo qual passava a agulha, sistema de bloqueio e direcionamento do tecido e alimentação do sistema. O sistema possuía algumas limitações e era muito simples.

A corria para desenvolver a máquina de costura levou muitas pessoas a desenvolverem esses equipamentos. Para usufruir da patente do equipamento, Howe entrou na justiça para receber direitos pela sua invenção contra outros fabricantes, como Issac Singer. Howe venceu alguns anos mais tarde e montou uma fábrica de máquinas de costura em Nova York. O equipamento virou sinônimo de equipamentos bem fabricados e foram exportados para todo o mundo, porém, a empresa começou a declinar com a morte de Howe, em 1867, mesmo ano em que sua patente caiu por terra.

A máquina de Howe perdeu espaço para os equipamentos de Isaac Singer, que possuíam melhores propagandas e assistência técnica às máquinas. Singer revolucionou o mercado com equipamentos mais baratos e eficientes, ele ainda mudou a ideia de que esses produtos deveriam estar apenas em fábricas e começou a vender para o consumidor final. Inovou também ao parcelar o pagamento, que deveria ser mensal.

Com o passar dos anos, diversos inventores aprimoraram o processo e cada um deles fazia uma patente do seu aperfeiçoamento e recebiam um número. Os fabricantes conheciam as alterações dos outros e aperfeiçoavam seus equipamentos. Essa situação gerou uma guerra nos tribunais, onde cada empresário brigava pelo direito de produzir sua própria invenção.
A história da máquina de costura mostra que o equipamento passou por constantes melhoras após sua criação/ Reprodução

Logo, as novas máquinas começaram a chegar no Brasil. Em 1858 a Singer montou a primeira loja de máquinas de costura em território brasileiro. Logo depois, muitos empresários anunciaram e trouxeram máquinas de costura para o Brasil, como o sr. Murbert Dutton, Madame Besse e Companhia, que vendia as marcas Wheeler & Wilson´s. Nathaniel Wheeler e Allen B. Wilson.

Depois de anos de batalha judicial, os principais produtores de máquinas de costura dos Estados Unidos, como Singer, Wheeler & Wilson, Grover & Baker, entre outras, se uniram em cartel a fim de manipular a fabricação desses equipamentos. No acordo, a cada máquina fabricada os participantes deveriam pagar aos integrantes do grupo o equivalente a duas semanas de trabalho de um colaborador da fábrica, cerca de US$ 15. Apesar de acusadas de monopólio pela imprensa, o cartel durou de 1856 a 1877, com a aprovação pelo congresso americano da lei que quebrava o monopólio do cartel.

O valor de comercialização do equipamento reduziu. Em 1880 o crescimento da Singer foi tão significativo, que a marca controlava cerca de 75% do mercado.

A história da máquina de costura mostra que o equipamento demorou para se destacar no mercado quando foi lançado devido a dificuldade de costura e das diferentes falhas. Mas no período em que o cartel foi dissolvido a realidade era diferente, pois a aquisição de uma máquina de costura era um bom negócio para famílias abastadas e pequenos ateliês de costura. Importante destacar que diferentemente do que aconteceu com Barthelemy Thimonnier, a “democratização” do equipamento fez com que alfaiates e costureiras vissem-na como forma de aumentar o lucro, ao invés de serem substituídos.

Fonte:
Artigo A história das máquinas de costura: um anúncio brasileiro vendo uma...

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