A PELÉ O QUE É DE PELÉ
Levemente incomodado com a profusão de candidatos a rei que vagam por aí, ele mesmo encomendou um levantamento estatístico – o definitivo – em torno de seus títulos e gols. Será difícil mesmo alcançá-lo
“Até o Edson, que conhece o Pelé desde criança, ficou impressionado com os números.” A indefectível, já clássica e folclórica terceira pessoa do singular é usada pelo Rei do futebol para justificar o espanto com um levantamento estatístico encomendado por ele mesmo para acabar com a dúvida seminal (quem é o maior jogador da história?) – como se fosse necessário dirimi-la.
Pelé pediu a Rogério Lopes Zilli, o estudioso que o ajuda na montagem do acervo de um museu que abrigará sua coleção de peças pessoais, em Santos (SP), que enumerasse todos os títulos e gols de sua carreira.
É, a partir de agora, a contagem oficial, reunida a partir de súmulas, filmes, entrevistas e recortes de jornal. É Pelé por Pelé, em um levantamento entregue com exclusividade a VEJA.
São 61 títulos oficiais, aí incluídos o tri pela seleção e o bi mundial pelo Santos, além de 25 outros troféus em torneios no Brasil e no exterior.
São 1.282 gols – “nem 1 281, nem 1 283, como costuma aparecer”, ressalta – em 1.366 partidas oficiais. A média é de 0,93 gol por jogo. Para efeitos de comparação, Messi tinha até a semana passada 267 gols em 398 partidas (média de 0,67). Neymar, prestes a chegar ao centésimo gol santista, marcou 117 vezes em 204 jogos, contando os da seleção (média de 0,57). Maradona fez 311 gols em 587 partidas (média de 0,53).
Diz Edson: “Pedi essa investigação, a primeira que realmente fiz, e a mais completa, para ver se param com essa história de sempre dizerem que nasceu um novo Pelé. O Maradona, o Messi e agora o Neymar são todos grandes jogadores, mas o que o Pelé fez não foi qualquer coisa”.
É curioso que ele próprio se preocupe em reunir números para demonstrar seu tamanho histórico. Na boca de qualquer outro atleta soaria arrogante – vindo dele é quase ingênuo, serve apenas para alimentar ainda mais a fogueira de discussões em torno da mais importante das coisas sem importância, o futebol.
Essa estatística, segundo Pelé, é a cereja a colorir o bolo do museu com 2.300 peças que será inaugurado em Santos, no fim do ano, no Casarão do Valongo, construção do século XIX, no centro da cidade, tombado pelo patrimônio histórico. A reforma custou 23 milhões de reais. A instalação da mostra exigirá outros 8,5 milhões.
“Não há, em todo o mundo, nenhum museu dedicado a um único esportista”, diz José Eduardo Moura, diretor do projeto. Serão fotos, camisas, bolas, taças e tudo quanto é tipo de lembrança, com destaque para a inseparável caixa de engraxate que Pelé diz ter usado quando tinha 15 anos, entregue de presente pela mãe – junto com os primeiros 400 réis amealhados ao lustrar sapatos alheios – quando o menino, já campeão do mundo, morava em Santos, chegado de Bauru.
Falta algo? “Sim”, diz Pelé. A devida homenagem ao pai, já falecido, por um recorde que o camisa 10 lamenta nunca ter conseguido bater. “O Dondinho fez cinco gols de cabeça em um único jogo, nos anos 40. O Pelé não passou de dois.” É marca que tira o sono de Edson – mas que não encolhe a súmula oficial de sua espetacular carreira, agora definitivamente compilada para quem quiser cotejá-la com a de outros que andam ganhando títulos e marcando muitos gols, sonhando um dia ser Pelé.
Pelé escolheu dois troféus de predileção na coleção de 2.300 itens que serão expostos em Santos a partir do fim do ano. Ele próprio explica a importância dos objetos – às vezes na primeira pessoa, muitas vezes na inseparável terceira pessoa, nas fotos acima.
A SÚMULA DEFINITIVA DO REI
TÍTULOS – 61 AO TODO
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TODOS OS GOLS DO MAIOR ARTILHEIRO DA HISTÓRIA
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