Há alguns
dias escrevi um artigo listando sete erros frequentes que devem ser evitados
por profissionais de diversos níveis hierárquicos, baseado em atitudes e
comportamentos. Fui solicitado a pensar nas falhas mais comuns cometidas por
executivos e profissionais de alto escalão. Tarefa um tanto quanto simples,
considerando que apenas precisei observar meu próprio comportamento, assim como
o de colegas e superiores. Difícil foi conseguir uma brecha na agenda lotada e
extenuante, considerando que estamos em junho, mês de fechamento do segundo
trimestre. Vamos então as dicas, as quais, espero, possam ser úteis. Os fins
justificam os meios: metas irrealistas, pressões por resultados de curto prazo
e cobranças desmedidas das chefias, podem fazer com que o executivo acabe
cometendo deslizes ou faltas éticas, ferindo princípios contábeis e normais
internacionais. É comum fabricantes estocarem seus parceiros de canal,
oferecendo descontos para que comprem além da quantidade normal. Verbas de
marketing, prorrogações de títulos e devoluções são algumas das consequências.
Tudo é urgente: conheci profissionais que não distinguem a diferença entre
urgente e importante, tornando todo e qualquer assunto como a hora da morte,
principalmente aqueles solicitados pela chefia imediata. Esta postura de
desespero acaba contaminando seus subordinados e a área, cujo clima
organizacional tende a se deteriorar rapidamente, trazendo conflitos,
desmotivação e desligamentos. Nem o melhor dos motores resiste andar em alto
giro durante 30 dias seguidos. Efeito casulo: apesar de declinante, conheço
gerentes e diretores que passaram longos períodos em uma só empresa,
fechando-se para o mercado. Em alguns casos o casamento um dia acaba, trazendo
uma sensação amarga de traição e negação. Como um marido recém-separado,
precisam reaprender a procurar emprego. Considerando que grande parte das vagas
de alto nível é preenchida pelo famoso QI, não é difícil prever que terão
dificuldades. Sei que pode parecer chavão, porém manter uma rede de networking
é um hábito salutar. Um almoço por semana basta. Palavra de quem já sofreu na
pele. Longe da escola: da mesma maneira que existem profissionais que vivem
para estudar, aproveitando suas férias para cursos de atualização, há aqueles
que só pensam em trabalhar, passando longe dos bancos escolares. Um currículo
repleto de realizações e conquistas, obtidos a custa de muitas horas extras e
finais de semana. Ter apenas a graduação no CV poderá atrapalhá-lo, uma vez que
perderá a noção das teorias e modelos aplicados em outras empresas e setores. O
alpinista: há muitos executivos que acabam pulando etapas em sua carreira,
ocupando rapidamente postos de direção. Em geral, profissionais com escolas de
primeira linha, idiomas e experiências internacionais, utilizam sua
inteligência criando estratégias que os levarão ao topo. Pouco jogo de cintura
em relacionamentos interpessoais e falta de liderança, frutos da experiência,
podem ocorrer. Em épocas de organogramas horizontalizados, promoções laterais
são também interessantes. Faça como os políticos: em anos eleitorais tudo é
possível, até coalizões entre Maluf e Lula, aqui em São Paulo. Não obstante o
disparate, o importante é aprender a habilidade em formar coalizões e costurar
acordos, imprescindíveis no alto da hierarquia. Em grandes corporações,
conhecer e trafegar bem nas complexas estruturas organizacionais pode fazer a
diferença, por exemplo, na aprovação ou não de um projeto. O efeito formiga:
muitos chefes acabam sempre com a mão na massa, seja por gostarem do trabalho
do dia a dia, não confiarem em seus subordinados ou não delegarem de maneira
apropriada. Sempre atolados de trabalho, acabam se escondendo das maiores
decisões, sendo vistos como operacionais pela chefia. Apesar do nobre
propósito, um dos papéis a desempenhar pelo executivo é o marketing pessoal.
Como já dizia o ditado, quem não é visto não é lembrado. Com raras exceções,
grande parte dos setores e indústrias tem vivido momentos de queda em seus faturamentos,
cujos planos, construídos com base no eufórico ano de 2011, estão muito aquém
do previsto. O humor das empresas e dos executivos costuma refletir o clima
econômico vigente, apesar das previsões otimistas de Guido Mantega. Neste
cenário um tanto quanto encoberto e com os nervos a flor da pele, nunca é
demais tomar alguns cuidados.
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