"A Feira do Largo é como cachaça, você começa e não quer mais largar". Com bom humor de mineira, a tecelã Zélia Scholz resume os 38 anos de trabalho na Feira de Artesanato do Largo da Ordem. Dona Zélia, que completou 80 anos de vida, no último 24 de novembro, tem a carteirinha número 1 da feira que, nas manhãs de domingo, cobre calçadas e ruas do Setor Histórico de Curitiba.
Se não chover ou esfriar, é possível encontrar dona Zélia em sua barraca perto do Palacete Wolf, na praça Garibaldi. Foi o local escolhido por ela desde os anos 1970 para expor e vender mantas, cachecóis e tapetes feitos em teares, de pedal e de mesa. "Compro lã de carneiro em uma fazenda", conta ela. "É um trabalho rústico e que sempre fez muito sucesso, chama a atenção".
A qualidade do artesanato de dona Zélia impressionava artistas nos anos 1970 e veio então o convite para expor os trabalhos no Setor Histórico. A feira, na época, foi a maneira encontrada para revitalizar a região. Eram pouco mais de 20 feirantes. Hoje são cerca de 1.300.
"No início, a feira era apenas uma quadra nos arredores da Igreja do Rosário e não tinha barracas. Eu escolhi meu ponto porque ficava na sombra de um poste, assim conseguia me proteger do sol", conta ela.
Dona Zélia mantém a tradição de apresentar ao público e aos turistas a legítima tecelagem artesanal. Ela também é professora da arte que aprendeu na infância, com a avó na cidade de Jacutinga, no interior de Minas Gerais, onde nasceu.
A mineira se mudou para o norte do Paraná nos anos 1950 e é mãe de sete filhos - Renê, Marcelo, Cley, Gustavo, Pedro, Carlos Eduardo e José Wille, jornalista da Rádio CBN em Curitiba.
A feira - a Feira de Artesanato do Largo da Ordem funciona das 9h às 14h e recebe aproximadamente 23 mil pessoas a cada domingo. Ela é administrada pelo Instituto Municipal de Turismo. São dez quadras do Setor Histórico com 1,3 mil barracas. É possível encontrar tecelagens, roupas, objetos de decoração, pinturas, livros, bolsas, bijuterias, calçados de couro.
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