Apesar de estar entre os gigantes da indústria têxtil brasileira, o setor do Ceará não vai lá tão bem das pernas. O quinto lugar do ranking é nosso, mas já estivemos na vice-liderança. Instituições representativas do setor local reclamam de baixo crescimento e até estagnação, nos últimos três anos. Mas há quem sempre encontre uma solução na hora do aperto. Marcas cearenses de moda investem em maquinaria e profissionais para reunir os subsídios ideais para inovar o mercado e sobreviver.
A indústria têxtil é uma das maiores vocações econômicas do Estado. É responsável por 16% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria local. Só em 2010 as 400 fábricas cearenses movimentaram US$ 3,45 bilhões, número que representa 6,64% de participação no País. Segundo maior gerador de empregos no Ceará, a indústria têxtil ocupa 52.942 profissionais ou 37,6% de todo o contingente empregado na indústria de transformação, segundo dados do Sindicato da Indústria Têxtil do Ceará (Sinditêxtil-CE).
Como se vê, os números são aparentemente expressivos, mas são basicamente os mesmo desde os últimos três anos. Para se ter ideia, em 2007, o Ceará exportou US$ 131,8 milhões. Em 2010, foram só US$ 70,6 milhões, ou seja, 46,3% menos. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras do Ceará (Sindiconfecções-CE), Marcos Vinícius Rocha, a concorrência com outros estados, principalmente, com o vizinho Pernambuco, vem prejudicando as vendas têxteis cearenses.
“Se antes crescíamos de forma sustentável, entre 4% e 5% ao ano, agora, estacionamos”, afirma. Segundo Rocha, a alta carga tributária sobre o mercado cearense abocanha 23% do faturamento das confecções. Enquanto, em Pernambuco os encargos tributários chegam a até 8%. “É basicamente só encargo federal o que as confecções pernambucanas pagam”, diz.
Outra consideração que o presidente do Sindiconfecções faz diz respeito ao grande número de informais no setor cearense, que também são concorrência desleal. Segundo Rocha, entre 30% e 40% das confecções do Estado estão na informalidade.
Por não pagar impostos, esse tipo de negócio sai a preços bem mais competitivos. “Já protocolamos propostas na Secretaria da Fazenda (Sefaz-CE) para alterações do sistema tributário e fiscalização maior dos informais, mas nunca se mostraram sensível ao problema”, acusa.. O POVO tentou contato com a Sefaz, mas, até o fechamento deste edição, ninguém retornou.
Criatividade
Para o Sindiconfecções, o tipo de moda produzida aqui também tem prejudicado o desenvolvimento do setor. “O mercado da moda cearense está vivendo de produtos feitos para grandes magazines do País. Está deixando de ser lançador de tendências para ser mero produtor de modinhas”, ressalta. Mas há quem discorde. Diretor administrativo um dos maiores shoppings de atacado da moda no Nordeste, o Maraponga Mart Moda, Saulo Vieira acredita no Estado como lançador de moda, a preços competitivos. “Não é só criação em massa, é tendência também. 70% dos compradores do shopping vêm do Norte e Nordeste do País conhecer as novidades”, diz.
E completa, “muitas das confecções que começaram no Maraponga, inclusive, já têm lojas espalhadas pelo País e até exportam para fora do Brasil”. Na próximas páginas, O POVO conta a história de algumas delas. Gente inovadora, “de tino para a criação e comércio da moda”.
Fonte:opovo.com.br
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