Dentro de dois meses, cerca de 3850 pescadores vão receber as calças de PVC, com material flutuante no forro, que permitem ao pescador manter-se à tona da água, na vertical.
As calças flutuantes que a Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar (APMSHM) propunha para substituir os coletes que os pescadores portugueses são obrigados a usar no mar devem começar a ser distribuídas, dentro de dois meses, aos primeiros 3850 pescadores do Norte e Centro do país que as compraram.
Estas aquisições, subsidiadas, foram realizadas no âmbito do projecto Segurança é Viver - desenvolvido pela APMSHM e financiado com verbas do programa comunitário Promar - que visa dotar a classe piscatória de meios de salvamento colectivos e individuais. Apesar do âmbito nacional do projecto, apenas os pescadores a norte de Peniche, e sobretudo os de entre Espinho e Caminha, se candidataram maciçamente a receber o equipamento.
As calças flutuantes em questão, aliás, ganharam o Prémio de Segurança 2008 atribuído pelo jornal britânico Fishing News e o Prémio de Excelência em Design na categoria têxtil e vestuário concedido pelo Conselho Norueguês de Design, país onde já são utilizadas pela classe piscatória local.
Após o número recorde de pescadores que, em 2009 e 2010, morreram no mar - segundo dados da APMSHM, foram 17 desde 2009, dos quais nove nunca foram encontrados -, a associação liderada por José Festas apresentou um projecto que, defende, ajudará a salvar vidas: equipar os pescadores com umas calças de PVC, com material flutuante no forro, que, em caso de naufrágio, permitem ao pescador manter-se à tona da água, na vertical, até ser resgatado.
A obrigatoriedade nacional de uso dos coletes salva-vidas, "que nem sempre funcionam", é contestada pela APMSHM. Os coletes, alega, dificultam o trabalho dentro das embarcações e, por isso, são muitos os homens que arriscam não usá-los. Já as calças, produzidas por uma marca norueguesa em parceria com uma fábrica portuguesa, impedem os pescadores de se molharem e não apresentam aquelas desvantagens. "Daqui a dois anos, vamos estar novamente a discutir o uso do colete insuflável, porque não vai funcionar", argumenta José Festas, acrescentando que, por vezes, só na ocasião em que se torna necessário se constata que o colete está furado. "Os pescadores é que devem decidir se envergam o colete ou não, se querem morrer ou não", defende. Em relação às calças, que já ninguém contesta, garante que "vão salvar muitas vidas".
O projecto Segurança é Viver está em fase de implementação. Dentro de dois meses, 4500 pescadores de 400 embarcações vão começar a receber as calças ou outros equipamentos de salvamento colectivos e individuais encomendados ao abrigo do projecto. O Segurança é Viver está avaliado em mais de quatro milhões de euros, sendo que 90 por cento do investimento elegível é a fundo perdido. O que significa que dos 125 euros que custam as calças insufláveis, os 3580 pescadores que as compraram vão pagar apenas 10 por cento.
FONTE: JORNAL PUBLICO
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