quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Têxteis na guerra aos mosquitos

Fazer roupa à prova de mosquitos e de raios ultravioleta é a arma da NG Wear para conquistar o mercado.

Na NG Wear, Manuel Pinheiro tem os mosquitos como principal aliado para aumentar as vendas Nfactos/ Fernando Veludo.

Porque é que a investigação sobre o dengue e a malária ultrapassou as fronteiras dos laboratórios médicos para conquistar a atenção da indústria têxtil?

No caso da NG Wear a resposta é simples: "Procuramos uma nova abordagem de vendas que combina moda e tecnologia em segmentos específicos de mercado", explica Manuel Pinheiro, administrador da empresa de Barcelos, que atua nos têxteis técnicos, tal como a BioDevices e a New Textiles.

Foi assim que nasceu a No Mosquito, marca principal desta têxtil criada há dois anos com a vocação de lançar conceitos e marcas técnicas para "responder a problemas concretos", designadamente na área da saúde.

"O objetivo é assumir a roupa como segunda pele e trabalhar soluções ao nível da proteção, inovação, imagem e conforto", afirma o administrador desta empresa, que integra, ainda, as marcas Sun Buddy (proteção de raios ultravioleta) e Color Fun (vestuário termocromático que altera a cor em função do calor).

No caso da No Mosquito, mais do que uma coleção de roupa capaz de repelir estes insetos num raio de 50 centímetros, a NG Wear apostou em aplicar uma solução nacional e assumiu a sua característica técnica na própria marca.

Na promoção das camisolas, calções, saídas de praia e redes mosquiteiras, a empresa não se esquece de referir "a estimativa de que os mosquitos transmitem doenças a 700 milhões de pessoas anualmente" e estão "em expansão, das regiões tropicais para outras latitudes".

Como há diferentes graus de risco, a oferta apresenta vários níveis de intensidade, do soft, suave, limitado a produtos naturais, ao strong, mais forte, destinado a "aplicações mais específicas e exigentes". Quanto ao preço, no caso das camisolas varia entre os €17 e os €29,90.

Europa e África são os principais alvos da marca, dirigida "a quem vive e a quem viaja em países de risco". Na fase de lançamento a Internet tem sido um dos canais de venda da empresa, que está a criar uma rede de distribuição para lojas monomarca, hotéis e campos de golfe.

Integrada num grupo têxtil especializado em malhas, com 320 trabalhadores e um volume de negócios de €17 milhões, 65% do qual na exportação, a NG Wear espera vendas de €1 milhão em 2011 e confia no potencial de crescimento para se aproximar da dimensão da tinturaria Tinamar e das confeções Fergotex, Marvimalhas e Favima, no vales do Ave e Cávado.

"Nascemos para dar corpo à estratégia de diversificação de um grupo tradicional, com o objetivo de criar marca e valor acrescentado e contribuir para aumentar o seu volume de negócios", afirma Manuel Pinheiro.

A próxima etapa a cumprir tem ainda os mosquitos na mira. Dando continuidade ao trabalho desenvolvido ao longo de dois anos em parceria com o CITEVE - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal e o Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, a empresa quer aumentar a longevidade do produto para além das 20 lavagens a que o repelente resiste atualmente. A gama de artigos também vai aumentar e contemplar soluções personalizadas para a hotelaria.

Apresentar no portefólio novas soluções, como o vestuário para controlar a humidade e temperatura, é mais um desígnio desta jovem empresa que vai apresentar a sua marca na Conferência Global Fashion (Moda Global): Contextos Criativos e Inovadores, a decorrer na próxima semana, no Porto. A NG Wear estará a representar as empresas portuguesas ao lado da Natura Pura e da Parfois nesta conferência que junta a indústria e a universidade para promover anualmente o diálogo entre investigadores de todo o mundo sobre o fenómeno da moda e tem a sua edição de 2010 em Portugal, por iniciativa do Centro de Estudos de População, Economia e Sociedade da Universidade do Porto.

Bio Devices atenta ao coração

Fazer uma camisola que é simultaneamente um eletrocardiograma (ECG) ambulante é o projeto que suportou o nascimento da BioDevices, com origem no Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática da Universidade de Aveiro. Constituída com a missão de desenvolver, comercializar e exportar soluções de engenharia biomédica para suporte ao diagnóstico médico, a empresa tem no VitalJacket o principal produto e continua a desenvolver novas versões desta camisola, que acaba de ser certificada no Brasil. Focada na cardiologia e monitorização do stresse, já permite seguir em contínuo durante um mês a vida real do paciente e continua a encontrar novos caminhos, adaptando-se, por exemplo, a necessidades específicas de atletas e idosos, com softwares específicos para atuar em ginásios de reabilitação cardíaca, centros de alto rendimento e recuperação física intensiva.

Ainda este mês, na Feira Médica, em Dusseldorf, a empresa apresenta a última versão do VitalJacket, que permite fazer um ECG em ambulatório sem utilizar elétrodos descartáveis. A Biodevices não divulga, no entanto, os números do negócio.

 
New Textiles em defesa da pele

Ajudar a combater doenças de pele e patologias como a psoríase é a aposta comercial da New Textiles, empresa de Guimarães que se estreou no mercado, em 2009, com a marca Skintoskin. Apresentada como "adjuvante no tratamento e prevenção" de problemas dermatológicos, designadamente a pele atópica, a sua gama de roupa interior combina algodão, algas castanhas e prata e está à venda exclusivamente em farmácias e parafarmácias. Em 2010, estreou-se em Espanha e espera entrar, ainda, no Reino Unido, Suécia e República Checa, para fechar o exercício com vendas de €500 mil. No próximo ano, as vendas deverão triplicar. Mesmo assim, a New Textiles fica aquém dos objetivos inicialmente definidos (€3 milhões em 2011) devido ao atraso no lançamento de novos produtos. Com contactos em curso no Japão, EUA e Rússia, a empresa está a preparar o lançamento, ainda este ano, de uma camisola de tripla ação, para termorregulação, gestão de humidade e dermoproteção. No caminho de inovação na área dos têxteis técnicos e funcionais que está a seguir, tem como parceiros a Universidade do Minho, o Hospital de São Marcos e a TecMinho - Interface da Universidade do Minho.


 
Fonte:aeiou.expresso.pt










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