Ou muito me engano, ou uma eventual candidatura de Bernardinho ao governo do Rio de Janeiro, agora que ele está filiado ao PSDB, por costura do presidenciável Aécio Neves, pode ser a grande novidade das eleições estaduais de 2014.
Embora tenha sido um jogador apenas bom, e não ótimo, como treinador de vôlei Bernardo Rocha Rezende, 54 anos, é simplesmente o maior campeão da história do esporte, com mais de trinta títulos importantes à frente das seleções brasileiras feminina e masculina — entre os quais cinco medalhas olímpicas, sendo a principal o inesquecível ouro dos Jogos de Atenas, em 204, e nada menos do que 15 títulos mundiais em competições de diferentes denominações.
É um vencedor nato, um líder, um ídolo nacional. Onde coloca a mão, dá certo.
O que é que se pode dizer CONTRA Bernardinho?
Que é “apenas” um treinador de vôlei?
Bem, pode-se argumentar que gente com muito menos experiência em cargos públicos chegou MUITO mais longe.
Não preciso dar exemplos, não é mesmo?
Agora vejam só outros traços do treinador:
* Bernardinho é economista formado pela PUC do Rio.
* É um palestrante de motivação muito requisitado em todo o país.
* É autor de dois livros de autoajuda que se tornaram best-seller — Transformando Suor em Ouro(Editora Sextante, 2006) e Bernardinho – Cartas a um jovem atleta – Determinação e Talento: O caminho da Vitória (Editora Campus, 2007).
* É empresário bem sucedido, participando como sócio, entre outras empresas, em uma rede de restaurantes, em uma empresa de ensino profissionalizante online e em uma cadeia de academias de ginástica.
* Como outros esportistas de sucesso, também mantém uma ONG, o Instituto Compartilhar, que tem entre outros objetivos o de “atuar em programas e projetos esportivos e educacionais destinados prioritariamente às camadas menos favorecidas da população”.
* E, sobretudo, é algo novo em política. Nunca foi candidato a nada, nunca exerceu mandatos. Tem passado e presente limpos.
As pessoas se dizem cheias dos políticos tradicionais, não é mesmo?
Além do mais, o quadro eleitoral no Rio pode favorecer uma candidatura “límpida” como a de Bernardinho.
O candidato do PMDB, Luiz Fernando de Souza, o “Pezão”, carrega o fardo imenso de ser o vice do hoje impopularíssimo governador Sérgio Cabral.
O PT vai rachar a aliança com o PMDB e está com o senador Lindebergh Farias — mas, além de o PT nunca ter ganho nada sozinho em eleições para governador e prefeito do Rio, Lindbergh sofreu acusações (inclusive pelo Ministério Público) durante sua gestão como prefeito de Nova Iguaçu (2005-2010) que certamente virão à tona em seu prejuízo durante a campanha.
Se, como se imagina, o eleitorado busca algo novo, são mínimas as chances de Anthony Garotinho (PR), hoje deputado, que quer voltar ao governo depois de uma gestão controvertida e de outra, desastrosa, de sua mulher, Rosinha.
O senador Marcelo Crivella (PRB), “bispo” da Igreja Universal e atual ministro da Pesca, carece de estrutura partidária e de alianças para ambicionar o Palácio Guanabara.
O mesmo se pode dizer do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), possível candidato da extrema esquerda.
Quanto a Bernardinho embora não haja militado em política, sempre opinou com contundência sobre os absurdos do Brasil. “Por que deixar um país, se ainda tenho esperanças que algumas coisas podem ser feitas?”, perguntou ao jornalista Juca Kfouri em uma mesma entrevista concedida ao canal de TV ESPN em 2007. Curiosamente, o jornalista afirmaria no programa que “claro que a gente às vezes pensa em Bernardinho como presidente do Brasil”.
Ao que o entrevistado respondeu taxativo:
– Não tenho nenhuma pretensão de fazer mais do que já faço.
Na mesma entrevista, também, Bernardinho fez uma declaração que hoje faz todo sentido:
– Não me sinto mal buscando uma coisa nova, um desafio.
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