Em 2008, quando Mariana Medeiros pensou pela primeira vez em vender roupas pela internet, a ideia parecia fora da realidade. “Durante a gravidez, precisei fazer um repouso absoluto por três meses e comecei a comprar tudo online. Foi aí que senti falta de uma loja na internet que entregasse roupas femininas”, conta Mariana, advogada por formação, que logo dividiu a ideia com a amiga Rosana Sperandeo, que atuava como jornalista.
Na época, os e-commerces de moda estavam despontando nos Estados Unidos, e o Net-a-Porter, o modelo seguido pelo site brasileiro, fundado em 2000, atingia o sucesso no segmento. “No Brasil, ninguém oferecia esse serviço, então a gente não sabia o tamanho do mercado. Tivemos que romper muitas barreiras”, conta Mariana.
A dupla abandonou os empregos formais e começou a trabalhar no projeto. Depois de muitas conversas, investimentos e planos, o Oqvestir entrou no ar no dia 14 de maio de 2009. Mas a equipe ainda não estava completa. Um pouco depois da inauguração, Mariana conheceu Isabel Humberg, também advogada. “Meu marido começou a ajudar as meninas com a parte de tecnologia, porque ele trabalha com internet desde 1999, mas quem acabou entrando para o time fui eu”, lembra Isabel.
Com a tríade formada, o desafio foi conquistar o mercado aos poucos. Com 2 anos de vida, o e-commerce ganhou um investidor para provar que o trabalho feminino estava dando certo: o Tiger Global, acionista de empresas da web, como Facebook, Linkedin e Mercado Livre. “Depois disso, as coisas ficaram mais calmas”, diz Mariana. “Era necessário um investimento pesado para manter o crescimento.”
A sede, que antes ficava em um espaço de 250 m2, ganhou um estoque de 2 mil m2. Comparando agosto de 2011 com o mesmo mês de 2012, o número de marcas cresceu 184% – hoje são 128 –, o faturamento subiu 292%, o número de pedidos, 268%, e a quantidade de peças vendidas, 262% – atualmente são cerca de 16 mil itens vendidos por mês. “O grande desafio é se manter estruturado, sem deixar nenhuma área para trás. Não adianta crescer sem atender o cliente”, conclui Rosana. E detalhes como produção de looks, editoriais, possibilidade de devolução e a revista online, uma novidade do site, são alguns dos mimos que conquistam os 8 milhões de pageviews por mês. E essa ascensão tem tudo para continuar. “A gente sabe que é só o começo. Ainda tem muita gente com medo de comprar pela internet e é aí que mora a certeza de crescimento”, conclui Isabel.
O sucesso deles
Thibaud Lecuyer, Malte Horeyseck, Malte Huf-fmann e Philip Povel são o quarteto multinacional por trás da Dafiti e suas 550 marcas. O francês, os alemães e o brasileiro, respectivamente, são os reis dos sapatos na internet, embora hoje roupas, acessórios e até objetos de decoração também estejam disponíveis no endereço virtual, que nasceu em janeiro de 2011. “Começar com uma categoria foi uma escolha para criar uma relevância específica. E, para a mulher, a compra do sapato é muito emocional”, avalia Malte Horeyseck.
No lançamento, a plataforma já contava com 70 marcas – esse número foi multiplicado quase oito vezes, com mais de 62 mil produtos disponíveis. “Compramos pelo menos 50% da coleção de todas as marcas. Até 80% em alguns casos”, revela Malte. Capodarte, Dumond e Lilly’s Closet são alguns dos sucessos da Dafiti, que contabiliza 35 milhões de acessos por mês. Após a primeira fase, a implantação do site no primeiro ano de vida, a nova empreitada é inspirar a compra por meio de conteúdo e da revista impressa trimestral da Dafiti, que já está em seu quarto número, com 250 mil exemplares de circulação distribuídos nas caixas dos produtos comprados na loja. “O conteúdo não só informa mas também atrai a venda”, diz ele. Além disso, eles acabam de lançar a linha premium, com marcas mais estreladas – e caras.
A ideia de conquistar pela informação também é uma das sacadas do site Olook, e-commerce que, antes de completar 1 ano de existência, já comemora conquistas. Criado pela dupla de empresários Peter Ostroske e André Beisert e com Helena Linhares na direção criativa, o site funciona de maneira diferente: ao entrar na página, você faz um cadastro e preenche um quizz, que gera um perfil. Com base nele, é criada uma vitrine personalizada, que muda mensalmente, com bolsas, sapatos e acessórios que combinem com seu estilo. “Queríamos uma compra divertida, exclusiva e adaptada para cada mulher”, conta André.
Outro diferencial do Olook é o fato de vender apenas a marca própria, produzida em uma fábrica em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, sob a batuta de Helena, o que possibilita um valor abaixo da média do mercado, variando de 69 a 199 reais. No total, são 250 novos produtos por mês e cerca de 10 mil peças vendidas no mesmo período. “Além da própria vitrine, a pessoa pode ver as roupas de acordo com a ocasião, por tendências ou até conferir coleções passadas, que ficam quatro meses disponíveis para compra”, diz. E, para facilitar, dicas de estilo da diretora criativa. “A ideia é descomplicar a moda, fazer uma coisa mais leve. Todas as áreas do site dão suporte a isso. Seja qual for a maneira de compra, nós ajudamos”, conclui.
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