Cortador industrial de confecção é uma profissão tão antiga quanto o próprio segmento. Em cada nova coleção, a técnica desse profissional é mais exigida e, quanto menos se prepara, mais rápido se torna um empurrador de máquinas.
A exigência é habitual em qualquer atividade da indústria e no vestuário há um exemplo que ilustra bem a “obrigatoriedade” de estar preparado na profissão escolhida. Na década de 1980, quando uma empresa precisava contratar uma costureira, o que se lia no anúncio era: “precisa-se de retista e/ou overloquista”. Naquela ocasião, a candidata tinha que ser “especialista” em um tipo de máquina, poucas eram as costureiras que dominavam dois ou mais tipos. A profissional com esse perfil normalmente era mais bem remunerada.
Atualmente, o que se lê é “operadora de máquinas ou costureira polivalente”, denominação pela qual é conhecida a “antiga costureira”. Sobretudo para manter-se no mercado, essa profissional teve que buscar capacitação em pelo menos três diferentes tipos de máquina, por exemplo reta, overloque e galoneira.
Os conhecimentos adquiridos pelas costureiras são úteis e predominam até quando o mercado desejar, depois só valerão caso sejam acrescidas as novas exigências.
Não diferentemente das demais profissões, o cortador deve estar atualizado, seja pela necessidade de manter-se no mercado, seja para almejar cargos e salários ou, ainda, pela inserção sem volta da tecnologia no segmento, a qual ele precisa conhecer.
O que diferencia um cortador profissional de um empurrador? Não apenas a prática e a velocidade no manuseio da máquina, mas principalmente a técnica apurada que o cortador possui para interromper qualquer tipo de condição adversa à produtividade.
Podemos enumerar diversas qualidades em um cortador, porém o comprometimento e o profissionalismo se destacam, mas não o tornam uma excelência. É o prazer pelo que faz, aliado ao conhecimento técnico, que faz desse profissional um verdadeiro cortador industrial.
Na prática, um cortador industrial domina todas as etapas do setor de corte, tem amplo conhecimento sobre tecidos, apresenta facilidade para criar e/ou interpretar fichas (técnica, de corte e de controle de produção), além de elaborar com facilidade um planejamento de risco e corte (PRC). Sabendo da importância de estar atualizado, o cortador completa seu currículo com conhecimentos de modelagem e costura.
Etapas do setor de corte: encaixe, risco, enfesto, corte e preparação/separação
O conhecimento de modelagem permite ao cortador distinguir se a mesma é simétrica ou assimétrica. Dependendo do tipo de molde e do tecido a ser utilizado, o cortador escolhe qual encaixe (par, ímpar, par e ímpar ou ambos) é o mais indicado para aproveitar o máximo da matéria-prima.
Encaixe par de calça de moletom
Conhecedor também da costura, o cortador sabe que, ao trabalhar com tecidos de malha ou que possuem elastano em sua composição, o tipo de agulha a ser utilizada nas máquinas de costura será a agulha ponta bola fina. Portanto, ele não usará alfinetes para fixar o papel do risco (matriz, mapa) no enfesto, pois pode puxar ou romper os fios do tecido.
O empurrador de máquina intitula-se conhecedor pleno da quarta etapa do corte. Sua óptica sobre o próprio desempenho não o motiva a buscar novos conhecimentos. Para o empurrador, reciclagem é apenas tema de meio ambiente, seus anos de “experiência” suprem a necessidade de aprendizado.
A visão míope do empurrador o priva do aprendizado, o mantém afastado das tecnologias, caso do CAD e do CAM, que em meados da década de 1980 entravam nas salas de modelagem e corte. Além de aumentar a estatística de carência de mão de obra especializada.
Manter-se atualizado não é um modismo, mas uma imposição do mercado, um caminho sem volta para profissionais e empresas. Sendo assim, entendo que elas têm papel fundamental não apenas como propulsoras para incentivá-los a quebrar paradigmas, mas principalmente como incentivadoras para que os profissionais busquem atualização em suas carreiras, além de serem mais exigentes no momento da contratação.
Como benefício, as empresas poderão contratar cortadores profissionais, o que as tornará mais competitivas, além de diminuírem consideravelmente o número de empurradores de máquinas no mercado.
FABRÍCIO JOSÉ DA CUNHA É TECNÓLOGO EM PRODUÇÃO DO VESTUÁRIO PELO SENAI-SP, POSSUI LATO SENSU E ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO INDUSTRIAL PELA FUNDAÇÃO VANZOLINI/USP, É CONSULTOR DO SENAI VESTUÁRIO-SP E ATUA NO SETOR HÁ 25 ANOS.
Cortador é universal ou seja cada um carrega a sua experiência própria,infelizmente é profissão pouco valorizada no Brasil e comentários desnecessário iguais a este me sinto muito mais forte em seguir em frente,palavra do empurrador de máquina.
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