A partir do início deste ano, apenas empregados do sexo feminino poderão vender lingerie para senhora na Arábia Saudita, colocando assim um fim a décadas de constrangimento no reino ultraconservador muçulmano, onde as mulheres devem vestir túnicas pretas sempre que estiverem fora de casa.
Um decreto real emitido pelo Rei Abdullah em junho do ano passado – marcado pelas objeções de clérigos de topo – concedeu seis meses aos proprietários das lojas de lingerie para se livrarem dos seus empregados do sexo masculino e colocarem nas suas lojas apenas funcionários do sexo feminino. A proibição de funcionários do sexo masculino deverá ser alargada às lojas de cosméticos a partir de julho.
«Esta é uma ordem do rei», disse o Ministro do Trabalho, Adel Faqih à AFP. «Todos os preparativos estão em andamento para implementar integralmente esta decisão», acrescentou o responsável, referindo que mais de 7.300 lojas de retalho serão afetadas pela proibição de funcionários do sexo masculino, criando oportunidades de emprego para mais de 40.000 mulheres na Arábia Saudita.
A proposta original do ministério do trabalho para permitir que as mulheres trabalhem em lojas de lingerie provocou há três anos uma tempestade de protestos por parte dos principais clérigos do reino. Eles emitiram uma “fatwa”, ou decreto religioso, impedindo as mulheres de qualquer tipo de trabalho.
As mulheres, que durante anos se queixaram de serem forçadas a comprar as suas roupas íntimas a funcionários masculinos, reagiram com uma campanha no Facebook chamada: “Chega de constrangimento”. Agora, a página web do movimento proclama orgulhosamente: “O constrangimento acabou”.
A fundadora da campanha, Fatima Garoub, saudou a implementação da nova lei e disse que, apesar das hesitações iniciais entre os retalhistas, «eles estão agora a responder positivamente, especialmente porque não têm escolha».
A estrita separação dos sexos fora de casa, que é imposta na Arábia Saudita pela poderosa polícia religiosa do reino, significa que as mulheres são efetivamente impedidas de muitos empregos. O clero conservador permanece profundamente em oposição
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