"Estou negociando com o grupo PPR, a Louis Vuitton, a Marvin Traub e a Alpargatas ", diz Oskar Metsavath, da Osklen
Enquanto aumenta o número de grifes estrangeiras de luxo abrindo lojas no Brasil, o empresário e designer Oskar Metsavath, dono da Osklen, já tem traçada a sua estratégia: "Eu quero ganhar escala. Estou negociando com o grupo PPR, a Louis Vuitton, a Marvin Traub e a Alpargatas ".
O grupo francês Pinault-Printemps-Redoute (PPR), dono de marcas de luxo como Gucci e Yves Saint Laurent, comprou nesta semana a fabricante italiana de moda masculina Brioni, seguindo o plano de focar em marcas de luxo e afastar-se das operações de varejo. A Louis Vuitton faz parte do conglomerado LVMH e já anunciou que vai acelerar sua expansão no Brasil. A consultoria americana Marvin Traub trabalha com grifes de alto padrão e varejistas. E a Alpargatas conseguiu ter sua sandália de borracha Havaianas reconhecida no exterior e no Brasil.
Metsavah disse, ontem ao Valor, que seu plano é negociar uma fatia majoritária da Osklen. Ele continuaria na empresa, cuidando do design, do estilo da marca. "Eles querem isso", disse. A grife de moda tem 63 lojas no Brasil e 10 no exterior - a 11ª será aberta em cerca de 20 dias em Buenos Aires, Argentina, onde a economia deve crescer 7% neste ano.
O empresário observa que o ambiente econômico nos mercados mais maduros como Europa e Estados Unidos não é dos melhores. Mas "para criar demanda pelo seu produto, você precisa ter o seu estilo reconhecido. É isso o que estou fazendo com as lojas", diz Metsavah, que ontem participou de um seminário sobre o mercado de luxo em São Paulo, organizado pelo jornal inglês "International Herald Tribune" e comandado pela sua editora de moda Suzy Menkes.
Metsavah gostou quando ouviu o publicitário Nizan Guanaes, do grupo ABC, dizer, em sua palestra, que o Brasil não quer ser percebido como um mercado emergente, mas como um estilo emergente.
É justamente com uma moda de estilo próprio, e não cópias do que se vê nas passarelas de Nova York ou Paris, que Metsavah pretende chamar a atenção do consumidor interessado em produtos de luxo. Competir com grifes estrangeiras em solo brasileiro vai ficar cada vez mais difícil. "Num primeiro momento, as grifes nacionais vão sofrer. Quem copia a moda lá de fora, vai perder [clientes]. Num segundo momento, quem tiver um estilo genuíno vai ser beneficiado", diz o dono da Osklen. "O brasileiro gosta de comprar no exterior e vai começar a perceber que pode comprar aqui também."
Kenneth Wyse, presidente da Phillips-Van Heusen, a empresa por trás das marcas Calvin KLein e Tommy Hilfiger, mostrava-se animado ontem com o potencial do mercado brasileiro: "Fazer negócios aqui é complexo, mas fascinante". Fazia 25 anos que Wyse não pisava no Brasil, agora virá com mais frequência.
"Estamos comprando nossas licenças de volta no Brasil. Vamos operar diretamente", disse o executivo ao Valor. "Nosso plano é expandir no Brasil, abrir lojas, e vamos fazer isso em breve", afirmou Wyse, que comanda uma empresa de faturamento anual de US$ 5,5 bilhões e lucro operacional de US$ 740 milhões. Em sua palestra, Wyse deu um conselho a designers brasileiros que querem crescer globalmente: "Procurem um parceiro, licenciem a distribuição."
A estilista Carolina Herrera, cuja marca lidera a lista das fragrâncias mais vendidas na América Latina - com exceção do México, onde perde para a grife Chanel- teceu ontem elogios rasgados à espanhola Puig, que desenvolve e produz seus perfumes. "Há 25 anos fui a Barcelona, na Puig, para selecionar fragrâncias. Senti tantos aromas que, no fim do dia, desmaiei", disse Carolina, fazendo a plateia cair na risada.
Marc Puig, CEO da Puig, fundada por seu avô António em 1914, contou que a sociedade fechada com Carolina Herrera desde 1995 permitiu desenvolver a rede de lojas da estilista - são 70, sendo 20 na América Latina e uma em São Paulo. "Trabalhando moda e perfumaria juntos, as vendas cresceram", disse Puig, que fatura € 1,2 bilhão por ano. Ele também está animado com o Brasil. Em sua opinião, "políticas ortodoxas usadas por Lula e seu antecessor ajudaram a criar uma classe média forte." O mesmo, observou, está sendo feito no Peru.
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