O acesso ao conhecimento deve ser festejado. O número de jovens em faculdades e universidades cresceu consideravelmente.
Quando vemos o interesse das pessoas pelo aprendizado e o esforço para sua integração em um bacharelado, temos que aplaudi-las.
Com a festa, vem a ressaca, infelizmente!
Ingressaram em um curso superior, pagam para estudar, quer com “paitrocínio” ou com seus próprios salários, mas o que estão aprendendo?
Findo o curso, estarão realmente preparados para “encarar” as necessidades do mercado?
Considere que você, um profissional experiente, encontra um grupo de professores universitários. Estes lecionam matérias de sua área, então, empolgados, começam a trocar informações.
Primeira descoberta: nenhum deles tem qualquer experiência prática. Mesmo o mais experiente, pouco envolvimento teve com a realidade.
Quais seriam suas fontes de ensinamentos?
Segunda descoberta: as mesmas que você conheceu há trinta anos.
Para chegarem onde estão, devem ter trilhado um caminho? - você se pergunta.
Claro, indicação de parentes, amigos e conhecidos – terceira descoberta.
Ora, mas certamente todos têm seus méritos, não? Claro, até pelo esforço, afinal estão em uma luta árdua: aprender para ensinar!
Onde está o nó da questão, então?
Naquilo que buscam aprender para ensinar. Preparam seus alunos, efetivamente, para que possam atender as exigências de mercado? Como e onde buscam informações para entender as exigências?
Falam sobre vendas, sem ter entrando sequer em uma loja para entender sua complexidade. Tratam da contabilidade, sem ter efetivamente fechado um balanço.
Ensinam PPCP, sem qualquer exposição fabril. Tratam de recursos humanos relacionando-se mal com o grupo ao qual ensinam.
Fácil notar que não escolheram aquele caminho, a situação é transitória, até que consigam uma colocação ou emprego com remuneração substanciosa, pois os ganhos dessa atividade apenas complementam a renda.
Jovens, discursos de superação afiados, por que razão ainda não encontraram colocação que lhes atenda as necessidades?
Qualificação!
Não tiveram exposição suficiente para exercitar o pouco que aprenderam, partindo para novas descobertas, ganhando “massa”, para se envolver no mundo da concretização.
É extremamente preocupante, pois com isso não estão multiplicado o conhecimento, mas o vício e o atraso.
Não importa quão rica seja nossa experiência, jamais ensinaremos tudo o que sabemos. O que pouco sabe, menos ensina, é fato não?
Um aspecto fundamental não é apenas “o que”, mas como deve ser ensinado.
Nossos profissionais, nas nossas empresas, também, cada dia repassam menos conhecimentos, afinal as orientações para quem chega não está voltada às técnicas, mas sim às telas.
A conversa segue neste tom:
- Nós usamos o sistema XPTOKLR, conhece? Não? Acho que você vai ter dificuldades para trabalhar aqui, ele é complicado! Vou tentar ensiná-lo. Nesta tela você clica em “AV”, então abrirá o local onde irá digitar os dados. Isso terá que fazer todos os dias. No dia três de cada mês, clique em REL e irá para a tela de relatórios. Verá em REL- ADI duas instruções: Relatório na TELA e IMPRESSO. Escolha sempre IMPRESSO, porque terá que imprimir e mandar o relatório para o chefe. Não esqueça ( no negativo mesmo! ) de fazer isso, senão ele ficará uma fera!
Como seria essa conversa com aqueles professores?
O aluno pergunta: - Professor, como isso funciona nas empresas?
Professor: - Cada empresa tem seu sistema, quando vocês chegarem lá receberão as instruções.
No dia seguinte, o aluno, em fim de curso, abre o jornal ou página da internet em busca de oportunidade e lá encontra um anuncio: vagas para recém-formados, dinâmicos, para trabalhar na área NZF, com conhecimentos em sistema XPTOKLR, imprescindível fluência em inglês.
XPTOKLR?
Fácil ver que tem gente de mais, ensinando de menos, não?
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
Fones (11) 4526 1197 / (11) 9645 4652
Twitter: @ivanpostigo
Skype: ivan.postigo
Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.
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