À frente de um conglomerado de moda que fatura US$ 1,8 bilhão, o australiano Derek O'Neill toma suas decisões de negócios enquanto surfa
Assim que chegou ao Rio de Janeiro, em meados de maio, o executivo australiano Derek O’Neill, 48 anos, vestiu sua roupa de borracha, pegou a prancha e foi direto surfar na praia da Barra da Tijuca. O’Neill é o CEO do grupo australiano GSM, que detém a marca de moda para surfistas e afins Billabong, com faturamento global de US$ 1,8 bilhão. Ao contrário do que possa parecer, sua presença no Brasil nada tem a ver com férias.
O executivo estava no País para acompanhar a etapa brasileira do campeonato mundial de surfe, realizado nas praias cariocas e patrocinado por sua empresa. “Enquanto surfo, gosto de prestar atenção no que as pessoas estão vestindo”, disse ele à DINHEIRO. “Olho o design das bermudas e, se tenho alguma ideia, levo para os estilistas.” Isso não significa que ele só pense em trabalho e não aproveite as ondas para se desestressar . “É claro que tento não ficar obcecado por isso.”
O'Neill, do grupo GSM: o mercado de moda surfe pode triplicar em cinco anos no Brasil
O’Neill comanda um conglomerado de grifes feitas para vender estilo a quem vive da e na praia. A lista inclui a marca de roupas e sapatos Element, a de relógios e bonés Nixon, a de óculos VonZipper e a de acessórios e gorros RVCA, além da Billabong. É um mercado e tanto, apesar de parecer coisa de bicho-grilo e de hippies. De acordo com estimativas da consultoria Improve, o setor de moda surfe, que inclui roupas e acessórios, movimentou R$ 9 bilhões no Brasil em 2010.
Calcula-se que existam cerca de 30 milhões de consumidores no País. “Há potencial para que esse mercado cresça o dobro ou até o triplo nos próximos cinco anos”, afirma O’Neill. Os produtos da Billabong atualmente estão espalhados por cerca de 1.400 pontos de venda no Brasil. Apenas 12 lojas são próprias ou franquias, localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. “A ideia é ampliar os negócios com os franqueados”, diz Alessandra Berlinck, que assumiu a direção-geral para América Latina da companhia em janeiro de 2011.
Até dezembro deste ano, a empresa deve inaugurar cinco novas lojas, todas franqueadas. As cidades ainda não foram definidas. “Começamos a ser identificados como um segmento de negócios”, diz Romeu Andreatta, responsável pela consultoria Improve e organizador do Festivalma, que reúne música, moda e arte, tudo ligado ao surfe, realizado na semana passada na capital paulista.
O desafio da Billabong é conquistar não só os consumidores que vivem em cidades litorâneas, mas também aqueles que estão longe da praia e se identificam com essa maneira mais despojada de se vestir. “O setor tem de brigar para ganhar mais adeptos desse estilo de vida”, diz Andreatta. O’Neill costuma passar muitas de suas manhãs no mar, pensando sobre o assunto, antes de ir para o escritório – ele diz nunca ter vestido terno ou usado gravata no trabalho.
Para ele, a internet é uma importante ferramenta para disseminar esse conceito. Um exemplo disso é o campeonato mundial de surfe, no qual a Billabong deve investir R$ 7,5 milhões até 2016. As etapas do circuito, inclusive a brasileira, são transmitidas ao vivo pelo site da companhia. A empresa patrocina, ainda, outros eventos esportivos, como a apresentação de skatistas e shows musicais. “É uma forma de aproximar nossas marcas de quem vive longe da praia”, diz O’Neill.
A briga por um lugar ao sol na moda surfe no País promete ser dura. A Billabong tem concorrentes como a catarinense Mormaii e as também australianas Quicksilver e a Rip Curl. As conterrâneas são as suas principais rivais no âmbito global. A estratégia para vencê-las já está sendo desenhada por O’Neill, entre uma onda e outra. Vida dura é isso aí.
FONTE: ISTO É DINHEIRO
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