domingo, 22 de maio de 2011

Sudamtex, um gigante adormecido em Teresópolis

- Desativada há cinco anos, fábrica pode ser transformada em um centro comercial e área de lazer

“Esperança”: Recado deixado por funcionário mostra o que esperam. Parece que o tempo parou na maior fábrica de Teresópolis
No final de 2006 a fábrica de tecidos Dona Isabel S.A., ou Sudamtex, como ficou conhecida por toda população, desligava as máquinas e deixava centenas de pessoas desempregadas e sem perspectivas de receber o que tinham por direito. Quase cinco anos depois, os equipamentos continuam nos mesmos lugares, com o material que estava sendo produzido parado nas máquinas, além de boa parte do estoque ainda em condições de uso. Porém, apesar da impressão de que basta se apertar alguns botões para as grandes máquinas voltarem a produzir, um possível retorno da fábrica é praticamente impossível devido a inviabilidade econômica e de licença ambiental para o empreendimento. Questões ambientais, aliás, foram motivos de muitas multas ao longo dos anos e reclamações da vizinhança, principalmente dos moradores da Fazendinha. O terreno de 150.000m2, com cerca de 15.000m2 construídos, desperta o interesse para grandes empreendimentos no município e chegaram a ser lançados projetos para a criação de áreas de lazer, como o Parque da Cidade. O proprietário, porém, buscou a Sociedade Civil Organizada para mostrar que é possível, segundo ele, dar mais retorno financeiro ao município com outros projetos, como a de um novo centro comercial, aliado ao tão sonhado espaço verde em uma área urbana.

A Sudamtex produziu seu primeiro metro de tecido em 1965, funcionando até 1998. Nesse período, grande parte administrada por um grupo americano, ficou parada por cerca de um ano, em 1978. Nos meses sem atividade, porém, os funcionários não deixaram de receber. No final da década de 90 e início da seguinte, foram quatro anos de portas fechadas. A produção foi retomada em 2002 e aconteceu até 2006, quando trabalhavam no local cerca de 300 funcionários, grande parte vinda da cidade de Guapimirim.

Na manhã desta quinta-feira, a reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV teve acesso as dependências da desativada fábrica, registrando imagens nunca mostradas na imprensa local. Acompanhados de antigos funcionários, estivemos nos principais galpões da Sudamtex, encontrando muitos elementos que ajudam a contar a história da empresa que, no seu auge, no final da década de 80, chegou a empregar 1.080 pessoas. No primeiro prédio, com cerca de 3.000m2 construídos e dois galpões, encontramos todos os arquivos de documentos da empresa, como registros de funcionários, amontoados em gavetas e mesas. No segundo galpão, à esquerda da portaria, onde chegou a funcionar uma termoelétrica que por anos manteve o funcionamento da fábrica, ainda há muitos rolos de linha e equipamentos antigos jogados pelos cantos.

No prédio principal, com 12.000m2 construídos, funcionavam vários setores, como a preparação para a tecelagem e a tecelagem, o tingimento e a fiação. No galpão da tecelagem, estão 180 máquinas, ainda com os rolos de linha montados. No tingimento, a situação não é diferente. As grandes máquinas Engodenim – 1 e 2 – estão paradas com o material de produção posicionado, como se tivessem sido desligadas em funcionamento. Parte do tecido em estado cru e parte já na tradicional cor azul. Na parede, um calendário mostra os últimos meses de funcionamento: novembro e dezembro de 2006. No galpão à frente do tingimento, um funcionário deixou mensagem antes de se despedir do local de trabalho: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”.

Do lado de fora dos galpões, ainda está cheio um grande reservatório, que sempre causou indignação dos moradores da Fazendinha. A água vinha do Rio Paquequer, passava por uma pequena estação de tratamento e terminava no tanque, pronta para ser utilizada na produção da empresa. Ao lado da fábrica, o trecho do nosso principal rio, aliás, parece preservado. Nas margens há muitos eucaliptos e flores e, aliado ao verde, até o aspecto da água parece melhor.

Fonte:odiariodeteresopolis.com.br

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