A Riachuelo se prepara para abrir em janeiro um escritório de negócios em Pequim, que vai funcionar como um suporte de compras. "Os importados representam cerca de 5% das vendas da Riachuelo, mas esse percentual deve dobrar até o fim do ano", disse ao Valor Flávio Rocha, presidente e diretor de relações com investidores.
A iniciativa visa garantir competitividade à rede no imenso mercado asiático, de onde chegam a maioria dos importados têxteis do Brasil.
"A produção nacional responde por 90% das vendas de vestuário no país, mas essa participação tende a cair a 70%", disse.
Para o executivo, no entanto, a competitividade da indústria brasileira sempre será superior.
"O prazo para que os produtos importados cheguem da China pode chegar a seis meses, enquanto que a produção local responde a demanda em dez dias", afirmou Rocha. "Com isso, é possível fazer reposições na coleção dentro da própria estação."
Apesar do iminente aumento dos importados nas vendas da varejista, a força da produção própria foi ressaltada pelo executivo no anúncio dos resultados financeiros.
A Guararapes Confecções, dona da Riachuelo, encerrou 2010 com aumento de 57,7% no lucro líquido, para R$ 337,8 milhões. No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 163,5 milhões, com alta de 61,4%.
Para Rocha, o bom resultado se deve ao amadurecimento da cadeia produtiva integrada da empresa. "Há quatro anos, nós começamos a transformar um modelo de verticalização, em que a Riachuelo era apenas um dos vários clientes da [indústria têxtil] Guararapes, em um modelo de integração, com a Guararapes trabalhando 100% para a Riachuelo", disse.
"Hoje estamos colhendo os frutos desse trabalho, que deve gerar mais crescimento da margem nos próximos meses."
No passado, a Riachuelo significava apenas 20% das vendas da Guararapes.
A margem bruta do ano aumentou 1,2 ponto percentual, para 57,2%, mas no último trimestre recuou 1,1 ponto percentual, para 55,8%. Segundo Rocha, o recuo se deveu principalmente ao aumento do ritmo de expansão da companhia, que ao longo de 2010 inaugurou 16 pontos de venda. Desses, nove foram abertos apenas nos últimos três meses do ano - o mesmo patamar de inaugurações de todo o ano de 2009.
"Esse ritmo de inaugurações deve ser intensificado em 2011 e 2012", diz Rocha. Este ano, serão abertas pelo menos 22 lojas e, em 2012, a previsão é de 30 novos pontos de venda, com maior destaque ao modelo de lojas compactas.
"O amadurecimento do sistema integrado deve compensar o aumento de custos da expansão", disse o executivo.
A receita líquida consolidada cresceu 19,4% no ano, para R$ 2,6 bilhões. No último trimestre, o aumento foi de 23,1%, para R$ 916,5 milhões.
A margem Ebitda (resultado antes de juros, impostos sobre lucro, depreciação e amortização) cresceu 2,2 pontos percentuais para 22,4% no ano e aumentou 2,4 pontos percentuais no trimestre, atingindo 26,7%.
A venda em mesmas lojas subiu 8,2% no acumulado do ano e 7,2% no trimestre.
Segundo Rocha, o varejo têxtil passa por um dos seus melhores momentos na história.
"Estamos observando a formalização do setor, com o combate aos concorrentes que trabalham na clandestinidade", diz ele.
Quanto à possível vinda de varejistas estrangeiras ao país - as britânicas Debenhams e Top Shop já anunciaram interesse -, Rocha afirma que há espaço para novos competidores.
"As maiores varejistas de moda do país [ C&A, Riachuelo, Renner e Marisa ] respondem por apenas 1% do total de 9 bilhões de peças comercializadas ao ano", diz ele. "No exterior, essa fatia está entre 20% e 30%".
As estrangeiras, por sinal, servem como um indicativo para a Riachuelo de que a empresa está no rumo certo quanto ao modelo integrado. "A Top Shop, a japonesa Uniqlo e especialmente a americana Forever 21, que vem crescendo muito, adotam o mesmo modelo."
Fonte:valoronline.com.br
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