Eles são refletivos, dissolventes, elétricos, depurativos, sensíveis aos movimentos e, em alguns casos, até mesmo à prova de bala - os mais novos tecidos da moda poderiam facilmente ser coisa de ficção científica.
No desfile de sua coleção masculina de outono, a Prada apresentou casacos feitos com peças de jersey que usa poliamida (normalmente usada em uniformes de esgrima) para conferir uma densidade extra.
A marca de roupas Moncler criou um tecido de nylon ultraleve que pesa apenas 40g por metro (comparado ao algodão egípcio, que pode pesar 800g por metro) e é imune ao vento. Ele surge depois de sua roupa para esqui feita de um tweed à prova de água especialmente recoberto. A casa italiana de roupas masculinas Ermenegildo Zegna está lançando o "zero weight", um tecido para ternos que pesa 145g por metro com 600 fios (a maior existente). Ela também apresentou o "cool effect", um tecido feito de lã australiana que permite às cores escuras reproduzir as propriedades do branco e refletir os raios infravermelhos do Sol, reduzindo assim a temperatura do corpo em até 10ºC.
Os centros comerciais das grandes cidades também estão interessados na moda high-tech. Nesta primavera britânica, a Uniqlo está lançando uma coleção de roupas protetoras com material que bloqueia os raios ultravioleta, roubas de baixo elaboradas para reforçar a postura e uma linha de roupas de verão feitas de um material que regula a umidade do corpo.
Anna Zegna, a diretora de imagem da Ermenegildo Zegna, diz: "Estamos vivendo numa nova era. As pessoas estão conduzindo os estilos de vida globais e precisam de tecidos que possam se adaptar a todas as condições".
Os tecidos high-tech transformaram-se em um grande argumento de vendas para as marcas. A Uniqlo, campeã de longa data dos tecidos "inteligentes", vem fazendo grande sucesso com sua linha de roupas de baixo HeatTech, feitas de uma mistura de pro rayon, uma fibra de celulose, e fibras de proteínas do leite que convertem o suor gerado pelo corpo em calor, ao mesmo tempo em que controla o odor com o uso de agentes antibactericidas. Segundo a marca japonesa, a linha HeatTech responde hoje por 25% de suas vendas anuais.
Embora o Japão seja conhecido por suas inovações em tecidos, algumas das novidades mais interessantes estão vindo do Reino Unido. A estilista Helen Storey, professora de moda e ciências no London College of Fashion, ajudou a criar tecidos que se dissolvem e tecidos purificadores de ar. Em setembro, o estilista londrino Manel Torres anunciou a primeira roupa "spray-on", em colaboração com o Imperial College London.
O "material" de Torres é pulverizado na pele e se solidifica enquanto vai sendo aplicado. Em seguida ele pode ser "descascado" (ao mesmo tempo em que mantém sua forma), para se tornar um tecido real, reutilizável e lavável. O spray, que está sendo comercializado sob o nome de Fabrican, é feito com "fibras curtas" misturadas com solvente e polímeros, o que facilita a aplicação. "Ele tem um potencial enorme, tanto na moda quanto no campo da medicina, uma vez que o tecido é esterilizado", afirma Torres, que acrescenta que uma casa de alta costura da França e uma marca de luxo da Itália já procuraram a companhia para propor uma colaboração.
A empresa Cute Circuit, de Londres, foi fundada há quatro anos por Francesca Rosolla, uma ex-estilista da Valentino e da Esprit. A companhia ganhou as manchetes por fazer o vestido iluminado usado por Kate Perry no 2010 Met Costume Institute Gala, de Nova York. O vestido, com LEDs entrelaçados nas fibras, mudava de cor toda vez que Perry tocava em um sensor.Ela também lançou camisetas sensíveis a movimentos, que se autoiluminam e um "vestido celular" feito de um tecido que age como receptor.
A companhia manteve um estoque na Selfridges, no Natal, e está com uma nova coleção de vestidos entrelaçados com LEDs para a primavera. "Moda é expressão, mas eu gosto da idéia de usar a tecnologia para acentuar isso", afirma Rosolla. "Gosto de criar roupas com poderes mágicos".
A camisa "Hug" da Cute Circuit (que em 2006 ganhou da revista "Time" a distinção de invenção do ano, ao anunciá-la como protótipo), também estará à venda este ano em seu site. Qualquer pessoa com bluetooth pode envidar ao usuário um abraço (hug) virtual de qualquer parte do mundo: a camisa se contrai e aquece para imitar a sensação de um abraço.
Fonte:valoronline.com.br
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