Para auxiliar empreendedores que estão em situação semelhante e aqueles que querem evitá-la, o Portal Administradores entrevistou o consultor Artur Lopes, autor do livro Autor do livro "Manual de Gestão de Crise Financeira e Turnaround"
Uma boa ideia de negócio, recursos, planejamento de marketing, negócios e financeiro, capital inicial... ingredientes necessários para começar um empreendimento bem sucedido no Brasil. Mas, de repente, você vê sua empresa afogada em dívidas, sem capital de giro, e com sinais de inviabilidade econômica. Em outras palavras, às portas da falência.
Para auxiliar empreendedores que estão em situação semelhante e aqueles que querem evitá-la, o Portal Administradores entrevistou o consultor Artur Lopes, autor do livro Autor do livro "Manual de Gestão de Crise Financeira e Turnaround".
O ambiente econômico atual do Brasil é favorável para a abertura de empresas ou inspira mais cautela do que euforia?
O ambiente econômico é, sim, favorável à abertura e ampliação de negócios. As taxas atuais de juros – apesar de indecentes quando comparadas aos padrões internacionais – está baixa.
Um grande contingente de pessoas foi incorporado ao mercado, ampliando consideravelmente a quantidade de consumidores, e a população que já tinha boas condições econômicas aumentou o seu poder de compra.
O momento, no entanto, não comporta euforia, mas sim sobriedade. Todos os investimentos, sejam eles na constituição ou na ampliação de negócios, devem ter o seu retorno bem dimensionado.
Quais os principais cuidados que as novas empresas (principalmente micro e pequenas) devem ter para não enfrentar danos financeiros irreversíveis?
A regra de ouro, especialmente para as pequenas e médias empresas, é preservar o seu capital de giro. O empresário deve entender que o fluxo de caixa, ao longo do mês, sofre variações, muitas vezes drásticas, e a preservação da capacidade de honrar os compromissos é a meta principal.
A pontualidade evita a imposição de multas, muitas vezes onerosas, bem como preserva o bom nome.
Outra providência fundamental é dimensionar bem os investimentos, pois senão o empresário não obterá o retorno esperado, comprometendo assim o capital de giro.
"A pontualidade evita a imposição de multas, muitas vezes onerosas, bem como preserva o bom nome" / Imagem: iStock
Como uma empresa deve elaborar um plano de recuperação, caso se encontre em vias de falência? Uma consultoria é interessante nesses casos?
Se uma empresa apresentar dificuldades, deve implementar rapidamente um plano de ajuste que a possibilite sair da crise.
Poderia discorrer ao longo de várias páginas sem, contudo, esgotar o assunto, pois a elaboração de um plano consequente de reestruturação possui dezenas, ou até mesmo centenas de variáveis.
A quem realmente se interessar pelo tema recomendo a leitura de um livro que escrevi em 2009, o Manual de Gestão de Crise Financeira (www.gestaodecrisefinanceira.com.br).
Em linhas gerais, podemos dizer que é necessário entender a operação e tomar as ações necessárias para que ela possa ser superavitária (seus compromissos correntes devem ser menores do que os seus recebimentos).
Essa sobra de caixa deve ser utilizada para pagar as dívidas. Vamos a um exemplo:
Uma empresa fatura 10 mil reais e acumulou, por conta de investimentos que não tiveram a maturação esperada, uma dívida de 30 mil reais. Seu resultado líquido é de 500 reais.
Nesse caso o empresário deve procurar seus credores, parte deles normalmente são bancos, e propor o parcelamento de dívida em 60 (sessenta) meses.
O exemplo acima é simplista, pois considera que a empresa tem resultado – o que raramente é verdadeiro, daí a necessidade de reduzir custos – e não leva em conta o serviço da dívida, ou seja, os seus juros.
O empresário raramente está apto a promover sozinho o ajuste na sua empresa, quer pelo seu comprometimento emocional ou pela ausência de conhecimento técnico nos âmbitos financeiro e administrativo.
Recomenda-se, sim, que no caso de uma dificuldade aguda o empresário procure auxílio.
Quais os cuidados que o empresário deve ter ao escolher um consultor para tirar a empresa do vermelho? Uma consultoria inadequada pode ser a última pá de terra?
Vamos começar pelo fim. Uma escolha infeliz pode, sim, fulminar a esperança de recuperação de uma empresa. Normalmente, gerentes de banco desempregados e gestores financeiros inexperientes chamam para si a saga de reestruturadores.
Os cuidados para escolher o profissional são quase os mesmos que adotamos para selecionar um funcionário graduado: pesquisar sua vida pregressa; os desafios profissionais que enfrentou e, principalmente, ter atenção com o seu discurso, já que raramente um aventureiro tem uma linha de argumentação coerente.
Recomenda-se, também, que a remuneração do consultor seja negociada ad exitum. Ou seja, se a empresa se recuperar, o profissional recebe. Caso contrário, não.
Fonte:administradores.com.br
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