Mariah Bernardes com look assinado por Oskar Metsavaht: “Já vou levar para usar nas minhas férias. Tem a cara das praias do Caribe”. Chapéu de palha: 29,90
camiseta de algodão: 59,90
short saruel de tafetá: 59,90
Total = 149,70
Há pouco mais de um mês, consumidoras vorazes formavam grandes filas nas portas de duzentas lojas da cadeia de vestuário H&M em Nova York, Londres e outras 36 grandes cidades. Elas aguardavam pacientemente sua vez de conseguir ver, provar e comprar em quinze minutos itens da coleção desenvolvida para o magazine pelo estilista Alber Elbaz, da grife de alta-costura francesa Lanvin. Era a chance de adquirir por no máximo 249 dólares vestidos inspirados em clássicos da marca, cuja maison está instalada na carésima Rue du Faubourg Saint-Honoré, em Paris. Uma pechincha, considerando o fato de um Lanvin custar alguns milhares de dólares. As peças evaporaram das araras e o burburinho no mundo da moda durou semanas. Ao lado da inglesa Topshop e da espanhola Zara, a sueca H&M é expoente do sistema conhecido como fast-fashion, com produção rápida e contínua de novidades a preços acessíveis. Cada vez mais, as grandes redes varejistas de vestuário em operação no Brasil — C&A, Marisa, Renner e Riachuelo — têm posto em prática essa fórmula.
+ Veja galeria com os looks montados pelas blogueiras
Bruna Ribeiro, na Marisa
Para conferir os modelos oferecidos em unidades paulistanas de cada um dos quatro magazines, VEJA SÃO PAULO convidou cinco jovens blogueiras, que conquistaram milhares de leitoras fiéis com suas dicas de moda, beleza e comportamento. São elas: Mariah Bernardes, de 24 anos, do Blog da Mariah; Bruna Ribeiro, 24, do site Make For; Bia Perotti, 25, do blog Achados da Bia; e as irmãs Lalá, 20, e Maria Rudge, 24, do blog Lalá Rudge. O desafio proposto era garimpar produtos bacanas e montar combinações ideais para o verão com até 160 reais.
Natural de Araçatuba, Mariah Bernardes vem assiduamente à capital abastecer o estoque de sua loja virtual. Jamais havia pisado, porém, na Riachuelo do Shopping Ibirapuera. Foi direto ao setor que tinha a coleção assinada para a rede por Oskar Metsavaht, mandachuva da Osklen e quase um embaixador do lifestyle carioca. Depois de provar algumas peças, escolheu short saruel, blusa listrada e chapéu de palha. “Já vou levar para usar nas minhas férias”, contou. “Esse look tem a cara das praias do Caribe.”
Mariah Bernardes, na Riachuelo
Guardadas as devidas proporções, a Riachuelo protagonizou fenômeno semelhante ao ocorrido na H&M. Em novembro passado, no lançamento da coleção de Oskar Metsavaht, havia concentração de gente na frente de algumas lojas antes da abertura. “Foi o maior sucesso comercial da empresa em nossos sessenta anos de existência”, afirma Flávio Rocha, presidente do grupo Guararapes, proprietário da Riachuelo. O estilista da Osklen participou de todas as etapas da produção. Praticamente se internou em uma das fábricas da rede, em Natal, para entender como seria possível criar peças com o DNA de sua marca a preços muito inferiores sem prejudicar a qualidade.
Mesmo com a grande procura, as roupas ainda podem ser encontradas graças ao modelo de negócio adotado por Rocha três anos atrás. Inspirado na Zara, ele optou pela integração entre indústria e varejo. Desde então, as duas confecções da Guararapes produzem exclusivamente para a Riachuelo e respondem por 85% do que é vendido na rede. Assim, é possível repor artigos no período de dez dias. Os números indicam um caminho certeiro: estima-se que o faturamento da empresa em 2010 tenha sido de 3,6 bilhões de reais, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. “Temos a missão de democratizar a moda”, diz Rocha.
Está aí um objetivo comum a todos os concorrentes. Por isso, na briga pelo mercado, vale lançar mão de táticas variadas de marketing e venda. A C&A, a Marisa e a Renner, ao contrário da Riachuelo, trabalham com fornecedores terceirizados, mas os modelos são exclusivos e desenhados pela equipe de estilo de cada marca. Consultorias de tendência, desfiles mundo afora, viagens, feiras têxteis, bandas pop, estrelas da música e atrizes globais funcionam como referências. É tudo ligeirinho. Entre a identificação do objeto de desejo e sua chegada às prateleiras leva-se de um a dois meses.
“Não é porque atuamos com fábricas independentes que somos pouco ágeis em receber uma informação fashion e colocá-la na loja”, afirma Haroldo Rodrigues, diretor de compras das Lojas Renner. Quando as calças coloridas de bandas teen começaram a aparecer, por exemplo, a marca apressou-se em desenvolver sua própria linha. Em 35 dias lá estavam elas, skinny e fluorescentes, penduradas nos cabides. A cadeia gaúcha, cujo faturamento em 2009 foi de 3 bilhões de reais, cria peças para públicos de cinco estilos: jovem, contemporâneo, casual, tradicional e fashion. A produtora de moda Bia Perotti se encaixa no último deles. Acostumada a postar achados em seu blog, ela tem o olhar treinado para encontrar artigos com boa relação custo-benefício. Tem por hábito frequentar lojas de departamentos e, um dia desses, foi a um evento, apinhado de fashionistas, usando vestido NK Store e sandália pesada Renner. “Ninguém acreditou quando contei.”
Uma boa dose de criatividade e senso de estilo ajudam no momento da compra. Habituée da Renner do MorumbiShopping, Bia foi direto ao setor de moda praia e pegou uma canga para usar como vestido. Fuçou tanto a área de roupas sociais que encontrou o blazer preto ideal para o conjunto. Arrematou com um cinto trançado e, voilà, montou um look digno de revista de moda. A paulistana Bruna Ribeiro escolheu uma combinação básica — mas cheia de bossa — na Marisa da Avenida Paulista. Precisou de poucos minutos para desbravar os corredores da unidade inaugurada oito meses atrás e bater o martelo. “A modelagem e a qualidade dos tecidos melhoraram bastante”, surpreendeu-se. “Fazia tempo que não entrava em uma Marisa.” Bruna aproveitou a visita e levou para casa três cintos estreitos e coloridos. Cada um custou 20 reais. “Paguei 150 reais por um igualzinho numa grife do Itaim Bibi”, comparou. O desafio da rede paulistana, fundada em 1948, é modernizar-se sem perder a tradição e atrair novas consumidoras.
Bia Perotti, na Renner
Uma das iniciativas para isso foi a criação, em abril passado, de lojas dedicadas apenas a lingerie, com produtos exclusivos e ambiente diferenciado. “Conseguimos aproveitar a imagem forte da empresa nesse segmento de uma maneira inovadora”, afirma o diretor de expansão, Ricardo Ribeiro. De janeiro a setembro de 2010, a receita líquida da rede atingiu 1,4 bilhão de reais, um crescimento de 17,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo os executivos, o bom resultado deve-se, entre outros motivos, à antecipação da virada da coleção de inverno para a de primavera e ao rígido controle sobre os níveis de estoque. Basicamente, os conceitos fundamentais do fast-fashion são: conhecimento de mercado, agilidade e acervos enxutos para evitar sobras. A Marisa, assim como a Renner, não tem planos de firmar parcerias com estilistas renomados.
Bem diferente das pretensões da holandesa C&A, que manteve coleções desenhadas por bambambãs da moda nacional, como Alexandre Herchcovitch, Amir Slama, Gloria Coelho, Isabela Capeto e Reinaldo Lourenço, além da Maria Bonita Extra. Uma das maiores cadeias de varejo de vestuário do mundo, a C&A inaugurou sua primeira unidade no Brasil no Shopping Ibirapuera 34 anos atrás. Hoje, a principal loja encontra-se no Iguatemi. Trata-se de um espaço-conceito, reformado e reaberto em outubro, com projeto arquitetônico clean e consultores de moda à disposição dos clientes. Atualmente, reluzem nos cabides as peças de verão descontraídas da grife Espaço Fashion. Lalá Rudge mirou direto em uma delas. Escolheu uma saia de lese roxa. Seu blog, produzido em sociedade com a irmã, Maria, soma mais de 1 milhão de acessos mensais. Fã de grifes e importados, ela deixou de lado por alguns instantes sua bolsa Birkin, da Hermès, durante a foto. Mas não descalçou a ankle boot Charlotte Olympia de salto 12 centímetros. De regata preta e colar de tecido com aplicação de pérolas, ficou linda e pronta para a balada. Maria, mais clássica, colocou short jeans e camisa branca de poliéster. “Eu me vestiria assim para fazer compras, almoçar fora e até iria à praia, com uma sandália rasteira.”
Maria e Lalá Rudge, na C&A
As redes varejistas de vestuário já não miram apenas em uma camada social específica. “Há uma diferenciação cada vez mais tênue”, constata Élio França, diretor de marketing da C&A. “A classe C está muito exigente, e quem tem maior poder aquisitivo deseja comprar de modo racional, pois percebeu que não há necessidade de pagar caro por absolutamente tudo.” Independentemente de bolso e estilo, muitas mulheres já andam em polvorosa com as novidades que vêm por aí. A Riachuelo anunciou uma linha para o inverno assinada por Cris Barros, queridinha das endinheiradas. Por sua vez, a C&A costurou uma parceria exclusiva para o Brasil com a estilista inglesa Stella McCartney (sim, a filha de Paul). Desenvolvida de acordo com os conceitos exigidos pela ecoativista Stella, a coleção deve ser lançada em março. “Será um marco”, acredita França. As filas na porta e o burburinho no mundo da moda dirão.
MANUAL DA BOA COMPRA
As dicas das blogueiras experts em moda para investir no que vale a pena
■ Conheça seu corpo e prove as roupas antes de levá-las para casa. Um bom caimento faz toda a diferença
■ Faça a equação do bom negócio: divida o valor da peça pelo número de vezes que pretende desfilá-la por aí. Pague menos por itens de modinha, que logo estarão datados, como o short de tachas, o tamanco de madeira e o vestido longo estampado. Deixe para investir pesado em clássicos como o pretinho básico e o trench coat
■ Respeite seu estilo e escolha itens que combinem com os que você já tem no guarda-roupa
■ Não compre só porque está em conta. O barato pode sair caro
■ Nada de colocar na sacola aquele sapato ligeiramente apertado ou o vestido um número maior. A possibilidade de ficarem encostados no fundo do armário é grande
■ Examine a costura, a qualidade do tecido e os detalhes. Um produto que custou menos não precisa ter cara de baratinho
■ Tenha foco. Antes de sair às compras, determine o que realmente quer e quanto pretende gastar. Assim, torna-se mais fácil resistir ao impulso e manter o cartão de crédito a salvo
■ Entre na onda do high-low e use itens básicos garimpados em lojas populares misturados a artigos de grife (uma joia, uma bolsa bacana, um par de sandálias poderosas)
■ Olhou, provou, examinou e a-do-rou o vestidinho? Coloque-o na sacola! Devido à alta rotatividade de mercadorias nas redes de fast-fashion, ele pode desaparecer da arara em questão de minutos
TEM PARA OS HOMENS TAMBÉM
C&A
C&A: camiseta de algodão, R$ 39,90
Fazem sucesso as calças jeans, as bermudas cargo, as camisetas e as camisas polo (tanto as clássicas quanto as com emblemas). Os itens para homens estão à venda em 22 de suas 23 lojas de São Paulo. Só não tem no Shopping Iguatemi.
Camiseta de algodão, R$ 39,90
Renner: chapéu de palha estilo pork pie, R$ 39,90
Oferece em suas dezoito lojas paulistanas peças para homens de estilos variados. Vão do surfista ao moderninho, passando pelo executivo de terno e gravata.
Chapéu de palha estilo pork pie, R$ 39,90
Riachuelo: bermuda saruel, R$ 69,90
Semelhantes (mas não iguais) às da Osklen, as bermudas e camisetas criadas por Oskar Metsavaht têm como inspiração o Rio de Janeiro e são encontradas nos oito endereços da rede na capital.
Bermuda saruel, R$ 69,90
Marisa: Camisa polo, R$ 39,99
Apesar do famoso slogan “De mulher para mulher”, o magazine vende artigos masculinos em 24 das suas 36 unidades na cidade.
Camisa polo, R$ 39,99
Fonte:
http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2199/blogueiras-montam-lo...
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